domingo, maio 26, 2024

SANTA ZITA ITAÚNA - TABLOIDE

Legado da Associação Santa Zita em Itaúna

   A Associação Santa Zita, formada entre as décadas de 1950 e 1970 na cidade de Itaúna, Minas Gerais, representou um marco de solidariedade e resistência para um grupo de mulheres predominantemente afrodescendentes que trabalhavam como empregadas domésticas. Inspiradas por Santa Zita, padroeira das empregadas domésticas, essas mulheres encontraram na associação um espaço para crescimento espiritual e apoio mútuo, demonstrando notável altruísmo e resiliência.

   Santa Zita, nascida em 1218 na Toscana, Itália, simboliza a devoção e a caridade cristã. Sua vida de dedicação ao serviço dos outros, mesmo sob condições de trabalho duras e análogas à servidão, ecoou através dos séculos, chegando ao Brasil e inspirando a criação da associação em Itaúna. Este coletivo não só representava um suporte espiritual, mas também um movimento de resistência contra as adversidades enfrentadas pelas trabalhadoras domésticas, uma categoria historicamente marginalizada e desprotegida.

   Através das entrevistas realizadas com ex-integrantes da Associação Santa Zita, como Dona Edite Marques de Oliveira Melo, Dona Geni Ferreira Pinto, Dona Vicência Maria de Jesus e Dona Custódia Maria da Cruz Santos, é evidente o impacto transformador que a associação teve em suas vidas. Elas relataram como a participação no grupo proporcionou não apenas crescimento espiritual, mas também desenvolvimento profissional, fortalecendo suas capacidades e autoestima.

   O papel do Padre José Ferreira Neto foi crucial neste contexto. Descrito com carinho pelas ex-integrantes, ele atuou como um verdadeiro guardião da associação, proporcionando liderança e apoio emocional. Sua capacidade de equilibrar rigor com afeto permitiu que essas mulheres se sentissem valorizadas e protegidas, criando um ambiente de respeito e solidariedade.

   A associação não se limitou a aspectos espirituais. Em 1960, a aprovação da Lei nº 509 pelo prefeito Dr. Célio Soares de Oliveira, que doou um terreno para a construção de uma residência para domésticas idosas e desamparadas, representou um avanço significativo. Entretanto, a alteração da lei em 1963 e a eventual dispersão do grupo após a morte da coordenadora Dona Ivolina Gonçalves em 1977, destacam os desafios enfrentados pelo coletivo para se manter ativo e estruturado.

   Além disso, a promulgação da Lei 5.859/1972, que definiu os direitos dos trabalhadores domésticos, foi um marco histórico. As trabalhadoras de Itaúna, informadas sobre seus novos direitos através do rádio, começaram a ver mudanças concretas em suas condições de trabalho, um reflexo direto de suas lutas e da influência da Associação Santa Zita.

   O legado da Associação Santa Zita perdura até hoje. A instituição do "Dia Municipal da Empregada Doméstica" em 27 de abril, através da Lei nº 4.545 de 2011, reforça o reconhecimento oficial do papel crucial dessas mulheres na sociedade de Itaúna. A preservação de artefatos e a veneração da imagem de Santa Zita na Igreja Matriz de Sant'Ana simbolizam a importância cultural e espiritual da associação.

   A história da Associação Santa Zita em Itaúna é um testemunho poderoso da capacidade de organização e resiliência das trabalhadoras domésticas. Seu compromisso com a caridade, espiritualidade e apoio mútuo não só melhorou suas próprias vidas, mas também contribuiu para a construção de uma comunidade mais justa e solidária. É essencial reconhecer e valorizar esse legado, que continua a inspirar gerações futuras na luta por direitos e dignidade.

Você está convidado a ler a mais recente edição do Tabloide Pedra Negra, que destaca a rica história da Associação Santa Zita de Itaúna. Nesta edição, são explorados os valiosos testemunhos das ex-integrantes dessa importante associação, que prestou apoio espiritual e profissional às empregadas domésticas da cidade entre as décadas de 50 e 70. 

A história de Santa Zita, padroeira das empregadas domésticas, inspira a narrativa, que também relembra a dedicação do Padre José Ferreira Neto e o impacto da legislação em favor dos trabalhadores domésticos. Leia o tabloide e conheça mais sobre este notável legado de fé, solidariedade e trabalho comunitário que moldou parte da história de Itaúna. Não perca a oportunidade de mergulhar nesse capítulo essencial da nossa memória coletiva.
Tabloide Pedra Negra  Edição 6 - 
Versão completa:  Associação Santa Zita em Itaúna



Organização, arte e elaboração: Charles Aquino