sábado, março 21, 2015

Década 20

Itaúna na Década de 1920: O Coração Histórico ao Pé do Morro do Bonfim

A imagem resgata um dos momentos mais emblemáticos da antiga Vila de Itaúna, já consolidada como município, na década de 1920. O cenário é dominado pela imponência do Morro do Bonfim (1), marco natural e espiritual da paisagem itaunense, que se ergue como guardião silencioso da história e da fé local. À sua sombra, pulsa o centro urbano em formação, onde as primeiras ruas e edificações públicas revelam o vigor de uma cidade que crescia sem perder o elo com suas raízes religiosas e comunitárias.

À esquerda, destaca-se o antigo Cemitério (2), delimitado por muros baixos e árvores esparsas, símbolo da transição entre o sagrado e o cotidiano. Logo acima, ergue-se a Cadeia Pública (3) — construção de linhas sóbrias, representando a autoridade e o controle municipal, tão característicos das vilas mineiras do período pós-império. Ao lado, o Fórum (4) completa o conjunto institucional, compondo, junto à Igreja Matriz (6), o núcleo político, jurídico e religioso da urbe.

A Rua Silva Jardim (5), que passa ao lado da Matriz, surge como um dos primeiros eixos urbanos do município, ligando a vida cotidiana aos espaços de poder e devoção. É nessa via que se consolidava o comércio e a sociabilidade da população, entre casarões de alvenaria e sobrados de traçado colonial.

O olhar se detém na Igreja Matriz de Sant’Ana (6) — epicentro espiritual e urbano de Itaúna. Com sua arquitetura imponente e paredes espessas, a Matriz simbolizava a centralidade da fé católica e o poder da Irmandade que, desde o século XIX, articulava tanto a vida religiosa quanto as decisões comunitárias. Atrás dela, ergue-se o Grupo Escolar (7), símbolo da modernidade republicana e do avanço da instrução pública, projetando no alto da colina a nova face de uma Itaúna que se abria à educação e ao progresso.

Mais ao fundo, o Casarão do Dr. Augusto Gonçalves (8) surge como testemunho do prestígio das elites locais, que entre a medicina, a política e o comércio, formavam a base do poder social e econômico da cidade. A Rua Antônio de Matos (9), repleta de pequenas residências, costura a malha urbana, conectando o centro à zona periférica e revelando o traçado irregular típico das vilas mineiras de topografia acidentada.

Em primeiro plano, destaca-se uma das curiosidades da época: o Circo Arethusa (10) — estrutura circular de lona clara, instalada para apresentações que encantavam o público itaunense. O circo, com suas músicas, risos e acrobacias, simbolizava o lazer e o encontro comunitário, rompendo a rotina de uma cidade que vivia entre o sagrado e o trabalho.

Por fim, a Rua Melo Viana (11) completa o registro visual, margeada por casas simples e árvores frondosas, sugerindo o cotidiano tranquilo da população que começava a se acostumar ao ritmo urbano do novo século. Cada telhado, cada rua e cada sombra captada nessa fotografia compõem um mosaico de memórias e permanências que ainda hoje ecoam na Itaúna contemporânea.

 Praça da Matriz Itaúna




03 - Cadeia Pública

04 - Fórum








Restauração digital : Charles Aquino