A tradicional
"Queima do Judas" é um costume que ainda resiste em diversas
comunidades Católicas e Ortodoxas ao redor do mundo. Introduzida na América
Latina pelos espanhóis e portugueses, essa prática tornou-se uma expressão
cultural única e marcante.
O Judas, um
boneco de proporções humanas e tamanho avantajado, era confeccionado com tecido
e recheado com materiais inflamáveis, como palha, algodão, capim seco, bombril,
traques e busca-pés. Esse boneco simbolizava a traição de Judas Iscariotes a
Jesus Cristo, e sua queima era uma forma de expiação simbólica dessa traição.
Em Itaúna, a
"Queima do Judas" era um evento aguardado com grande expectativa. O
boneco era transportado para a praça principal da cidade em um caminhão,
seguido por uma animada procissão de crianças e jovens que celebravam com
entusiasmo. O Judas era então colocado em um local estratégico, onde à noite, a
comunidade se reunia para participar das festividades.
As noites de
“Sábado de Aleluia” eram especialmente vibrantes. Homens e mulheres vestiam-se
elegantemente, passeavam pela praça e proseavam, enquanto aguardavam o momento
culminante da queima. A celebração era enriquecida com uma atmosfera de
socialização e alegria, onde os laços comunitários se fortaleciam.
O ponto alto da
noite chegava com a leitura do "Testamento do Judas". Esse testamento
era uma peça satírica, carregada de humor e críticas sociais, que arrancava
risadas e reflexões dos presentes. Cada linha do testamento era uma
oportunidade de revisitar os acontecimentos do ano, sempre com um olhar crítico
e bem-humorado.
A queima do
Judas, então, era iniciada. O boneco, repleto de materiais inflamáveis, ardia
em chamas, acompanhado de fogos de artifício e explosões que iluminavam a
noite. O espetáculo de luz e som marcava o encerramento das festividades,
deixando na memória de todos os presentes a vivacidade e a importância daquela
tradição.
Infelizmente,
após longos anos de celebrações grandiosas, a "Queima do Judas" em
Itaúna caiu no ostracismo. Mudanças culturais e sociais, além de novas formas
de entretenimento, fizeram com que essa tradição perdesse parte de seu vigor.
No entanto, a memória das noites de “Sábado de Aleluia” permanece viva nos
corações dos itaunenses, como um símbolo de uma era em que a comunidade se unia
em torno de um boneco para celebrar a vida, a crítica e a renovação.