Nesse período, a cidade contou com um
fornecimento limitado de energia elétrica fornecida pela Companhia Industrial Itaunense. A escassez de eletricidade, especialmente no período de seca, exigiu
encerramentos noturnos periódicos. Diante disso, Dr. Coutinho despachou um
mensageiro à empresa, solicitando que não cortassem a energia naquela tarde
devido ao procedimento cirúrgico agendado. A cirurgia começou no final da noite, por
volta das 18h30.
Maria Xavier Ferreira, a devotada esposa de Eduardo, permanecia ansiosa no corredor do hospital, aguardando ansiosamente as novidades. De repente, uma queda de energia mergulhou toda a instalação na escuridão. Em meio à escuridão, um som fraco de uma porta se abrindo ressoou, chamando a atenção de Maria. Para seu espanto, o Dr. Coutinho saiu da sala de cirurgia segurando uma vela. Tomada de preocupação, Maria, com a voz cheia de tristeza e lágrimas nos olhos, perguntou se Eduardo havia falecido. Sem hesitar, o Dr. Coutinho a tranquilizou, afirmando que Eduardo ainda estava vivo.
Ele então solicitou a Maria que o acompanhasse até a sala de
cirurgia, entregando-lhe a vela e disse: acompanhe-me e preste-me sua ajuda
dentro do bloco operatório. Por favor, segure esta vela, pois estamos prestes a
iniciar a operação e nosso tempo é de extremo valor. O tempo era essencial e
não havia espaço para atrasos. Dr. Coutinho realizou habilmente a cirurgia à
luz bruxuleante da vela, resultando em um retumbante triunfo. Após ser operado
aos 46 anos, o Sr. Eduardo Ferreira Amaral teve a sorte de desfrutar mais 47
anos de vida alegre e plena com seus entes queridos, até falecer pacificamente
em 2001.
Fonte Oral: Professor Marco Elísio Chaves Coutinho &
Dª Vera Coutinho
Entrevistado por: Charles Aquino
Acervo fotográfico: Shorpy (fotografia
meramente ilustrativa)