sexta-feira, dezembro 22, 2023

À LUZ DA CIRURGIA


O Dr. Antônio Augusto de Lima Coutinho demonstrou um notável profissionalismo em sua conduta durante o episódio que ocorreu na Santa Casa - Hospital Manoel Gonçalves de Souza Moreira na década de 1954. Sua prontidão em diagnosticar e tratar a apendicite supurada de Eduardo Ferreira Amaral reflete sua competência médica e dedicação ao bem-estar de seus pacientes.

A situação desafiadora devido à escassez de energia elétrica na cidade evidencia a capacidade do Dr. Coutinho de lidar com obstáculos externos de forma proativa. Sua iniciativa ao enviar um mensageiro à empresa de energia para garantir a continuidade do fornecimento durante a cirurgia demonstra seu compromisso com a excelência no cuidado médico, mesmo diante de circunstâncias adversas.

O momento mais marcante da narrativa é a cirurgia realizada à luz de uma vela, ressaltando a determinação e habilidade do Dr. Coutinho em superar desafios imprevistos. Sua decisão de envolver Maria Xavier Ferreira, esposa do paciente, no processo cirúrgico, não apenas evidencia sua confiança no apoio mútuo, mas também ressalta a importância do suporte emocional aos familiares durante momentos críticos.

O desfecho positivo da cirurgia, que resultou na sobrevida de Eduardo Ferreira Amaral por mais 47 anos, é um testemunho do talento e comprometimento do Dr. Coutinho com a sua profissão. Sua conduta exemplar não apenas salvou uma vida, mas também proporcionou anos adicionais de felicidade e convivência familiar.

Em suma, a história do Dr. Antônio Augusto de Lima Coutinho destaca não apenas sua competência técnica, mas também seu profissionalismo, compaixão e capacidade de liderança em situações desafiadoras, exemplificando o verdadeiro espírito da prática médica.


À LUZ DA CIRURGIA

Eduardo Ferreira Amaral encontrou-se na Casa de Caridade Manoel Gonçalves de Souza Moreira no ano de 1954, localizada na cidade de Itaúna, devido a intenso desconforto abdominal. O Dr. Antônio Augusto de Lima Coutinho examinou-o prontamente e constatou que seu quadro era "APENDICITE SUPURADA", necessitando de intervenção cirúrgica imediata.

Nesse período, a cidade contou com um fornecimento limitado de energia elétrica fornecida pela Companhia Industrial Itaunense. A escassez de eletricidade, especialmente no período de seca, exigiu encerramentos noturnos periódicos. Diante disso, Dr. Coutinho despachou um mensageiro à empresa, solicitando que não cortassem a energia naquela tarde devido ao procedimento cirúrgico agendado.  A cirurgia começou no final da noite, por volta das 18h30.

Maria Xavier Ferreira, a devotada esposa de Eduardo, permanecia ansiosa no corredor do hospital, aguardando ansiosamente as novidades. De repente, uma queda de energia mergulhou toda a instalação na escuridão. Em meio à escuridão, um som fraco de uma porta se abrindo ressoou, chamando a atenção de Maria. Para seu espanto, o Dr. Coutinho saiu da sala de cirurgia segurando uma vela. Tomada de preocupação, Maria, com a voz cheia de tristeza e lágrimas nos olhos, perguntou se Eduardo havia falecido. Sem hesitar, o Dr. Coutinho a tranquilizou, afirmando que Eduardo ainda estava vivo.

 Ele então solicitou a Maria que o acompanhasse até a sala de cirurgia, entregando-lhe a vela e disse: acompanhe-me e preste-me sua ajuda dentro do bloco operatório. Por favor, segure esta vela, pois estamos prestes a iniciar a operação e nosso tempo é de extremo valor. O tempo era essencial e não havia espaço para atrasos. Dr. Coutinho realizou habilmente a cirurgia à luz bruxuleante da vela, resultando em um retumbante triunfo. Após ser operado aos 46 anos, o Sr. Eduardo Ferreira Amaral teve a sorte de desfrutar mais 47 anos de vida alegre e plena com seus entes queridos, até falecer pacificamente em 2001.


Fonte Oral:  Professor Marco Elísio Chaves Coutinho & Dª Vera Coutinho

Entrevistado por: Charles Aquino

Acervo fotográfico: Shorpy (fotografia meramente ilustrativa)