Nos
meus tempos de criança em Itaúna, a cidade tinha várias fábricas de foguetes.
Uma ou duas ficavam na estrada para os Garcias. Se a memória não me
trai, era a fábrica de propriedade dos irmãos Mauro Soares Nogueira (Quincas do Jove), Joaquim Soares Nogueira (Quincas do Jove) e Osmário Soares Nogueira.
No Campo Vermelho ficava somente a cartonagem dos fogos que eram produzidos na estrada para o bairro dos Garcias, sendo funcionário, Thales Santos, cujo estabelecimento vendido posteriormente ao comerciante José Rosa dos Santos.
No Campo Vermelho ficava somente a cartonagem dos fogos que eram produzidos na estrada para o bairro dos Garcias, sendo funcionário, Thales Santos, cujo estabelecimento vendido posteriormente ao comerciante José Rosa dos Santos.
Negócio
arriscado para quem trabalhava nele. Maioria de mulheres num ofício totalmente
artesanal, lidando com pólvora e outros materiais explosivos e inflamáveis.
Lembro-me ainda de um acidente numa das fábricas que ficava logo acima do
bairro do Serrado, em direção aos Garcias. Matou quatro operárias de maneira
brutal.
Foguetes,
bombas, escandalosas, traques, foguetes de vara, busca-pé, estrelas e outros
artigos saídos da lavra dos fogueteiros da época eram imprescindíveis em festas
de igreja, barraquinhas, inaugurações, comícios e sobretudo na chegada de
autoridades no município.
Em
jogos de futebol os foguetes não eram muito encontradiços. O comércio de fogos
vivia sem qualquer fiscalização e a compra dos artefatos ao alcance de qualquer
um. Não havia restrições (salvo engano) e mesmo nós,menores de idade tínhamos
acesso aos diversos produtos da pirotecnia.
Preferíamos
os busca-pés os traques e os espanta-coió. Menos perigosos e até mais
divertidos, notadamente os primeiros. Soltados na praça, em dia de
barraquinhas, eram um prato cheio de diversão. Corriam soltos no meio do povaréu,
na altura dos joelhos, fazendo com que as moças levantassem as saias para se
livrarem dos importunos busca-pés.
Uma
farra, num tempo no qual, avistar-se um joelho feminino era uma enorme proeza e
gratificação.
Foguetes
de vara eram os preferidos da molecada. Soltados com maestria pelo "
Parente", dublê de coveiro e fogueteiro, subiam com um assobio alto e
depois explodiam com estampido, liberando a vara. Os moleques corriam para
buscá-la, caísse onde caísse. Era quase uma competição.
Melhor
ainda, foguetório na chegada de autoridades. A cidade toda enfeitada e grande
parte do povo na estação da Rede Mineira de Viação. Banda de música, trem de
ferro e foguetório. Nada mais bonito e mais alegre. Uma típica manifestação
mineira que se perdeu no tempo como os foguetes, as bandas de música e os trens
de ferro. Tenho imensa saudade, só igualável ao som do sino da estação e o
apito solene do Chefe do Trem. Coisas do meu tempo!!!
(ps.:
qualquer dia desses conta o episódio do maior foguetório da cidade . No dia em
que o Brasil ganhou a primeira Copa do Mundo)
Urtigão
(desde 1943). Urtigão é pseudônimo de José Silvério Vasconcelos Miranda que
viveu em Itaúna nas décadas de cinquenta e sessenta do século passado).
Acervo:
Shorpy