Se
não me falha a memória, a Universidade de Itaúna foi criada em 1965. O
governador era Magalhães Pinto e a influência de Miguel Augusto Gonçalves de
Souza, pesou muito. Criou logo uma universidade, não se contentando com uma ou
duas faculdades. Logo cinco de uma vez.
Naquela
época era muito difícil fazer curso superior. Poucas universidades e algumas
faculdades esparsas. Divinópolis tinha um curso de Direito, salvo engano, com
aulas só nos finais de semana.
Eu
cursava Letras em Belo Horizonte. Meus dois amigos, Imar e Dinarte estudavam
Agronomia em Viçosa. Partiu deles a ideia de montarmos um "Cursinho" pré-vestibular,
com vistas aos futuros alunos da Universidade recém fundada.
Minha
mãe, professora do Curso Normal, conseguiu com dr. Guaracy, duas salas no velho
educandário para darmos as aulas. Imar ficou com as cadeiras de Química e
Biologia, Dinarte iria lecionar Matemática e Física. Eu fiquei com Português,
Inglês e Francês.
Arranjamos
uma meia dúzia de alunos. Eu tinha mais do que isso, em virtude dos cursos de
Direito, Letras e Pedagogia. Exatas, Química e Biologia, nos cursos de
Odontologia e Engenharia.
Começamos
com pompa e circunstância. Compramos caixas de giz e apagadores na papelaria do
Carmelo. Imar queria usar guarda-pó. Achamos meio muito e o dissuadimos da
ideia.
A
primeira aula coube a ele. Sempre foi competente. Deu uma bela aula de química.
Assunto: moléculas. O básico do básico, para iniciantes. Esmerou-se nas
explicações, nos exemplos e em desenhos no quadro negro. Estava entusiasmado.
Dinarte e eu assistíamos a tudo. A aula seguinte seria Biologia. Minha lida, só
no dia seguinte.
Imar
terminou a aula e se colocou à disposição para perguntas. Um dos alunos, já
entrado em anos, e figura de respeito na cidade, formulou a pergunta sem
pestanejar: " professor, creio que
entendi tudo. Só tenho uma dúvida. Onde é que podemos encontrar as tais
moléculas?
Imar
ficou vermelho e por pouco não esganou o aluno. De chofre respondeu: "
elas, como eu disse estão por toda parte. Mas, não adianta procurar. São tão
miúdas que um montão de dois metros ninguém enxerga"!!!!!
Dito
isso, resolvemos os três, de comum acordo encerrar o nosso Cursinho. Pelo nível
da pergunta desistimos da tarefa. Nos dedicamos à Topografia. Isso é outra
história.
(Devido
as provas do ENEN, tão alardeadas, resolvi escrever sobre os vestibulares) A
história é verídica. Tenho testemunhas.
Texto:
Urtigão (desde 1943) é pseudônimo de José Silvério Vasconcelos Miranda, que
viveu em Itaúna nas décadas de 50 e 60. Causo verídico enviado especialmente
para o blog Itaúna Décadas em 05/11/2017.
Acervo:
Shorpy