PANCRÁCIO FIDÉLIS
Bancário e escritor e, como tal, adotou o
pseudônimo de Pancrácio Fidélis. Durante muito tempo, escreveu crônicas sobre
Itaúna no jornal "Folha do Oeste", de seu irmão PIU. Tais crônicas
foram transformadas no livro "Crônicas e Narrativas de Pancrácio Fidélis",
lançado na década de 60, e fez enorme sucesso. Com sabor provinciano, tem
pitadas de malícias e o fino humor da mineirice
esperta.
Nascido
em 1923, filho de comediantes amador, ele próprio ator - tem presença o teatro
na Itaúna da época- Gomide Jr. entregou telegrama a cavalo no início da vida.
Mais tarde, em BH, estudou no seminário Dom Cabral e no Colégio Santo
Agostinho, trabalhou em indústria e morreu alto funcionário de banco. Seu humor
não era apenas do texto, estava na maneira de ver a vida. Consta que, incomodado de falar sozinho, foi
ao médico, que não viu nada errado. "Doutro, dê um jeito. Minhas conversas
são muito chatas!" Soa a humor urbano de hoje.
Numa
crônica, divertida e politicamente incorreta, advoga que os itauneneses são
todos judeus, e lista hilariantes razões. Em "Aeronauta Intrépido",
nos diverte com seu medo de avião Noutra, trata a polêmica pública sobre
inventário privado, e arranca risos com o piloto de Lagoa que quer arrancar
telhas da Prefeitura de Itaúna-rivalidade entre municípios, num estado
retalhado por emancipações de conveniências políticas, é tema fecundo para o
seu olhar atento e perspicaz.
Típica
desse espírito é "Subserviência itaunense ante a arrogância do Pará",
de 1955. Reclama que Pará de Minas tem dos maiores estádios de Minas, e Itaúna,
nada; tomou "a estrada que, vindo de Belo Horizonte, passaria pela porta
da cozinha lá de casa e ia até Divinópolis", mas o governador Benedito
Valadares "puxou a estrada para o Pará e nos deixou no ora veja".
Queixa que Ovídio de Abreu, presidente do Banco do Brasil, "auxiliou todas as instituições (...) de lá, (...) e nós de Itaúna ficamos a sugar o dedão da mão esquerda". E, "quando Itaúna quis se emancipar, o velho amigo de Pará de Minas não topou a parada". E resume: "Pará sempre levou vantagem (...) E nós, elegendo Ovídio de Abreu e votando em Benedito Valadares, bolas!
Queixa que Ovídio de Abreu, presidente do Banco do Brasil, "auxiliou todas as instituições (...) de lá, (...) e nós de Itaúna ficamos a sugar o dedão da mão esquerda". E, "quando Itaúna quis se emancipar, o velho amigo de Pará de Minas não topou a parada". E resume: "Pará sempre levou vantagem (...) E nós, elegendo Ovídio de Abreu e votando em Benedito Valadares, bolas!
É
humor mineiro, escrito por ótimo cronista!
Alcione
Araújo
Jornal
Estado de Minas, 9 março 2009.