quinta-feira, agosto 02, 2012

PÉRICLES GOMIDE JÚNIOR

PANCRÁCIO FIDÉLIS

 Bancário e escritor e, como tal, adotou o pseudônimo de Pancrácio Fidélis. Durante muito tempo, escreveu crônicas sobre Itaúna no jornal "Folha do Oeste", de seu irmão PIU. Tais crônicas foram transformadas no livro "Crônicas e Narrativas de Pancrácio Fidélis", lançado na década de 60, e fez enorme sucesso. Com sabor provinciano, tem pitadas de malícias e o fino humor da mineirice esperta.

Nascido em 1923, filho de comediantes amador, ele próprio ator - tem presença o teatro na Itaúna da época- Gomide Jr. entregou telegrama a cavalo no início da vida. Mais tarde, em BH, estudou no seminário Dom Cabral e no Colégio Santo Agostinho, trabalhou em indústria e morreu alto funcionário de banco. Seu humor não era apenas do texto, estava na maneira de ver a vida.  Consta que, incomodado de falar sozinho, foi ao médico, que não viu nada errado. "Doutro, dê um jeito. Minhas conversas são muito chatas!" Soa a humor urbano de hoje.

Numa crônica, divertida e politicamente incorreta, advoga que os itauneneses são todos judeus, e lista hilariantes razões. Em "Aeronauta Intrépido", nos diverte com seu medo de avião Noutra, trata a polêmica pública sobre inventário privado, e arranca risos com o piloto de Lagoa que quer arrancar telhas da Prefeitura de Itaúna-rivalidade entre municípios, num estado retalhado por emancipações de conveniências políticas, é tema fecundo para o seu olhar atento e perspicaz.

Típica desse espírito é "Subserviência itaunense ante a arrogância do Pará", de 1955. Reclama que Pará de Minas tem dos maiores estádios de Minas, e Itaúna, nada; tomou "a estrada que, vindo de Belo Horizonte, passaria pela porta da cozinha lá de casa e ia até Divinópolis", mas o governador Benedito Valadares "puxou a estrada para o Pará e nos deixou no ora veja".

Queixa que Ovídio de Abreu, presidente do Banco do Brasil, "auxiliou todas as instituições (...) de lá, (...) e nós de Itaúna ficamos a sugar o dedão da mão esquerda". E, "quando Itaúna quis se emancipar, o velho amigo de Pará de Minas não topou a parada". E resume: "Pará sempre levou vantagem (...) E nós, elegendo Ovídio de Abreu e votando em Benedito Valadares, bolas!
É humor mineiro, escrito por ótimo cronista!

Alcione Araújo
Jornal Estado de Minas, 9 março 2009.


Um comentário:

  1. Tive a honra de te-lo como o meu primeiro chefe. Foi em 1.974 e quando o sr. Péricles ocupava o cargo de Secretário de diretoria do então Banco Mercantil de Minas Gerais (hoje Bco. Mercantil do Brasil).Trabalhei com ele por pouco tempo. Era minha função, entre outras, datilografas as atas das assembleias ordinárias e extraordinárias daquele banco e eu não sabia, como operar a contento uma super máquina de datilografia IBM, último modelo. Ele, então, pediu a minha transferência para o Departamento de Acionistas e onde trabalhei por dois anos sob as ordens de José Regis da Silva Pontes. Bons tempos!Meu nome: Gustavo H. França Campos

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