sexta-feira, agosto 31, 2012

CLUBE REPUBLICANO 21 DE ABRIL




No Arquivo Público Mineiro encontra-se um documento de valor inestimável - a ata de criação do clube Republicano 21 de Abril em Sant'Ana de São João Acima, hoje Itaúna. Este documento, que funciona como um genuíno manifesto, traz as assinaturas de noventa líderes proeminentes do distrito e distritos vizinhos, representando indivíduos de todas as esferas da vida, mostrando a influência de longo alcance dos homens santanenses.

Eis a transcrição do documento conforme original:
"Acta da instalação do Clube Republicano 21 de abril em Sant'Anna de S. João Acima. Aos vinte e hum dias do mez de Abril do anno de mil oitocentos e oitenta e nove, na casa do cidadão Dr. Augusto Gonçalves de Souza Moreira, na freguezia de Sant'Anna de S. João Acima, Município do Pará, Província de Minas Gerais, reunidos os abaixo assignados, cidadãos adesos ao credo republicano e a convite dos Dr. Augusto Gonçalves de Souza Moreira, Manoel Gonçalves de Souza Moreira e Francisco Manoel Franco, deliberão fundar nesta importante freguesia o Clube Republicano 21 de Abril, destinado à propaganda das idéias republicanas. Sant'Anna 21 de abril de 1889. Assinaram, em primeiro lugar, os membros da diretoria, na seguinte ordem:

Presidente
Manoel Gonçalves de Souza Moreira
Vice-Presidente
Dr. Augusto Gonçalves de Souza Moreira
1º Secretário
Francisco Manoel Franco
2º Secretário
Josias Nogueira Machado
1º Tesoureiro
Cassiano Dornas dos Santos
2º Tesoureiro
Zacharias Ribeiro de Camargos
  
OS ITAUNENSES APOIARAM AS LIDERANÇAS REPUBLICANAS

Registre-se, segundo João Dornas, que o entusiasmo era tanto, que em 1885, em plena vigência da Monarquia, o tenente-coronel Zacharias Ribeiro de Camargos, denominou "República" a sua fazenda. Escreveu este nome em letras garrafais na porteira de entrada de sua propriedade. Um subversivo em pleno império.

Quatro anos antes da proclamação, que se deu em 15 de novembro de 1889, antes mesmo da abolição, que ocorreu em 13 de maio de 1888! Como vereador Municipal em Pará de Minas, representava o distrito de Sant'Anna naquela edilidade. Propôs, e foi aceito, o primeiro nome oficial para a principal rua do arraial, SILVA JARDIM, homenagem ao grande e jovem tribuno dos ideais republicanos. 
  O farmacêutico Aureliano Nogueira Machado, diretor da Banda de Música local, escreveu no bombo, a letras maiúsculas, a frase - "VIVA A REPÚBLICA". Nessa época, o jovem Augusto Gonçalves de Souza Moreira, com 24 anos, nascido em 29 de julho de 1861, era estudante no Rio de Janeiro, onde se formou médico.

Retornou a Sant'Anna no mês de janeiro de 1888, para instalar seu consultório médico e iniciar suas atividades profissionais no arraial. E não se falava de outra coisa senão na Abolição e na República, acontecimentos marcantes da história pátria. Vivendo na capital, depois de ter passado pelo Caraça e pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, aqui chegou impregnado dos ideais que povoavam a mente dos jovens, a libertação dos escravos e a proclamação da República.

Fundou-se, em seguida, o diretório municipal do Partido Republicano, presidido por Dr. Augusto Gonçalves de Souza Moreira e tendo na direção os senhores Josias Nogueira Machado, Senocrit Nogueira, Mardoqueu Gonçalves de Sousa e Francisco de Araújo Santiago. Partido único, do qual Senocrit Nogueira foi um dos fundadores em Minas Gerais.

Quem não pertencia a ele era apenas dissidente, disputava a eleição, mas, raramente conseguia eleger-se. As duas organizações poderosas e prestigiadas, o "Clube Republicano 21 de Abril" e o "Diretório Municipal do Partido Republicano", foram as bases eleitorais que elegeram facilmente o deputado representante dos santanenses na Assembleia Constituinte.

Os Nogueiras Duarte, os Penido, os Farias, os Camargos, os Lopes de Araújo, os Marra da Silva, os Matos, os Santos, os Alves de Morais, os Lopes Cançado, os Domingues Maia, os Soares Nogueira, os Alves da Cunha, os Azambuja, os Almeida Otaviano, os Pereira Cardoso, os Dornas dos Santos, os Magalhães, os Esteves Gaio, e muitas outras famílias cerraram fileiras com os Gonçalves de Souza.

O Cel. João Dornas dos Santos foi o grande entusiasta da República e um dos fundadores do Clube Republicano 21 de Abril. Neste clima é que se educou o filho, o historiador João Dornas, nosso "Záu". A primeira obra escrita por ele, depois de historiar sua terra natal, foi a biografia de Silva Jardim, o grande arauto republicano.




Referências:´

Enciclopédia: Itaúna em Fascículos, (Guaracy de Castro Nogueira), Fascículo nº 21

Acervo: Instituto Cultural Maria de Castro Nogueira

FILHO, João Dornas. Efemérides Itaunenses - Ano:1951,pag. 252

Ata Original:  APM- Arquivo Público Mineiro - Belo Horizonte  

Colaborador: Juarez Nogueira Franco

Pesquisa / Fotografia: Charles Aquino


quarta-feira, agosto 29, 2012

LEITE CRIÔLO




Amilcar Martins Filho, na sede do ICAM
 “Apesar de sua importância, a publicação  ficou completamente esquecida”


Rebento bastardo do modernismo, periódico Leite Criôlo ganha reedição.
Reeditado, o periódico leite criôlo revela como o racismo ainda estava presente no pensamento intelectual dos anos 20.

O s anos 20 do século passado fo­­ram decisivos para a formação da identidade cultural brasileira. No início daquela década feérica, um grupo de artistas causou furor no Teatro Municipal de São Paulo com a Semana de Arte Moderna de 22. Era o começo do desmoronamento do conservadorismo na arte e nas ideias, àquela altura consideradas ultrapassadas para explicar a nação. Mas o velho edifício não iria ao chão da noite para o dia. Foi tombando durante todo o decênio até se tornar um monte de entulho esquecido. E Minas Gerais teve um papel determinante nesse processo.

Foi em Belo Horizonte, em 1925 e 1926, que um jovem e brilhante poeta, Carlos Drummond de Andrade, juntou alguns amigos igualmente talentosos e ateou fogo na paróquia passadista, com o lançamento de A Revista. Outras publicações pipocaram na capital e no interior, a exemplo da Verde, de Cataguases. Algumas, como elas, ingressaram no chamado cânone da arte moderna. Outras afundaram em um injusto esquecimento. É o caso do leite criôlo (grafada assim mesmo, em minúsculas e com circunflexo).

 Agora, felizmente, ela reaparece em uma edição fac-símile pelas mãos do Instituto Amilcar Martins (Icam). O lançamento será no dia 3 de dezembro, às 19 horas, na Academia Mineira de Letras, onde haverá uma homenagem ao sociólogo Fernando Correia Dias, autor do prefácio da reedição, morto aos 86 anos, em setembro. Com 152 páginas, vai custar 60 reais e estará à venda em algumas livrarias. “Apesar da importância da publicação, ela estava completamente esquecida”, diz Amilcar Martins Filho, diretor do Icam.

A leite criôlo não era exatamente uma revista. Com exceção do primeiro número, lançado como um tabloide e distribuído gratuitamente nas ruas no dia 13 de maio de 1929, em comemoração aos quarenta anos da abolição da escravatura, as dezoito edições seguintes circularam aos domingos apertadas em menos de uma página no suplemento literário do jornal Estado de Minas.

O raquitismo era compensado pelo número de colaborações que chegavam de várias cidades do Brasil. Publicaram lá autores como Cyro dos Anjos, João Alphonsus, Marques Rebelo e o próprio Drummond, que colaborou três vezes, em uma delas sob o pseudônimo de Antonio Crispim. A folha era dirigida por três jovens literatos, João Dornas Filho, Guilhermino César e Achilles Vivacqua.

Com um time desses, como explicar a desatenção de estudiosos a leite criôlo? No elucidativo texto crítico que acompanha a reedição, o professor Miguel de Ávila Duarte, um dos poucos acadêmicos a estudar a publicação, lembra que as ideias veiculadas pelo periódico se chocavam com os valores consagrados pelo modernismo. A principal delas dizia respeito ao racismo.

Como sugeria no próprio título, leite criôlo procurava, à maneira como os modernistas paulistas fizeram com o índio, agregar a cultura africana à formação da nossa identidade. Aí esbarrava no pensamento dominante do Brasil naquela época. Era quase unânime considerar o negro inferior e associá-lo a “males da nacionalidade” como luxúria, cobiça, tristeza e preguiça.

“É bom lembrar que a eugenia, a suposta ciência do melhoramento genético da humanidade, era ainda amplamente considerada uma especialidade científica legítima”, afirma Duarte. Em resumo, leite criôlo não negava a importância do legado africano, mas acreditava que uma miscigenação da população brasileira eliminaria os supostos defeitos que ele carregava. “É necessário enfrentar o triste passado racista da intelectualidade brasileira, ” diz Duarte.


Referência:
Texto: André Nigri -  28 de novembro de 2012 -  Revista Veja BH
Organização e pesquisa: Charles Aquino

domingo, agosto 26, 2012

MURO DE PEDRA

MURO DE PEDRA

Pedra miúda
Pedra maior
Pedra graúda
Pedras juntas
Muro de pedra
O que existe do outro lado de lá?
Uma vida triste?
Mera coincidência?
Uma bouganvilhe
Cresce aos ombros do muro de pedra
Roxa
Envelhecido
Debaixo de sol
Encharcado de chuva
Encarquilhados
E
“A deus dará”
Abanado pelo vento...
Um gato
Passeia com elegância
E cauda para o alto
Pelo muro de pedra
Preto ...
E
Nas fendas
Do muro de pedra
Nas chagas deixadas pelo tempo
Pássaros
Constroem seus ninhos ...
Uma mulata
Flor
Floresce
Repetida vezes
Eternamente
Por entre o musgo
E
A realidade que não se apaga
Na adversidade de vida
No muro de pedra ...


Escritora Maria de Fátima Batista Quadros / São José dos Salgados  MG 
Morro do Bonfim - Itaúna MG
Fotografia : Charles Aquino

sábado, agosto 25, 2012

quarta-feira, agosto 22, 2012

ELEIÇÕES 2012

Candidatos à Prefeitura de Itaúna




Osmando Pereira

 Itaúna tem o principal: tem material humano e tem história. É preciso ter uma política cultural que crie oportunidade para que as manifestações aconteçam. Tínhamos em nossos mandatos anteriores, uma política para os escritores, promovíamos a realização de semana do teatro, festivais de música, concursos, etc.

Criamos o museu Francisco Manoel Franco, o Instituto de Arte e Artesanato Yara Tupinambá. Promovemos festivais de bandas, de folia de reis e apoiamos a festa de Nossa Senhora do Rosário.

Estabelecer uma política cultural é uma construção que pretendemos fazer com a sociedade. Dentre os temas, discutir a possibilidade de desvincular a cultura da secretaria de educação.


Restaurar a Igreja do Rosário, preservar o Patrimônio tombado serão também objetivos. Apoiar as iniciativas populares como o carnaval.



Professor José Luiz Guimarães

 No programa de nosso governo que está logo abaixo tem um pequeno resumo. Desenvolvimento da Secretaria de Cultura, Lazer, Turismo e Esportes, a saber:

Criação da Banda de Música do Município;

Apoio incondicional aos Eventos Culturais e Tradicionais do município;

Reativação do Festival de Inverno;

Implantação de cursos nas artes cênicas, musicais e plásticas (pinturas e esculturas);

Reativação da feira livre artesanal;

Revitalização do carnaval itaunense;

Apoio aos artistas em eventos culturais no município;

Implantação de um calendário cultural com apoio a eventos e realização de shows, peças teatrais, musicais;

Implementação de escolas de xadrez, com calendário de eventos para escolas municipais e estaduais, em espaço próprio;

Implementação de um Calendário de jogos olímpicos entre as escolas municipais e estaduais;

Implementação de escolinhas formadoras de atletas nas diversas modalidades esportivas em convênio a ser proposto à Universidade de Itaúna, Faculdade de Educação Física, e praças de Esportes;

Apoio incondicional aos campeonatos amador e rural do município;

Apoio incondicional aos campeonatos do “LIXÃO e LOBEIRÃO” com melhoria para suas instalações com a instalação de sanitários e vestiários, melhorando o conforto;

Apoio aos atletas de artes marciais e lutas livres;

Revitalização de políticas sociais para preservação de suas nascentes em convênio a ser proposto à Universidade de Itaúna, Faculdade de Ciências Biológicas;

Catalogar, organizar e divulgar os pontos turísticos de Itaúna com criação de um “site” ou “blog” para mostrar nossas belezas naturais, culturais, e a religiosidade do nosso povo.



NEIDER MOREIRA

ARTE E CULTURA

Criação da lei municipal de incentivo à cultura;

Realizar oficinas culturais;

Desenvolver programas de cultura e lazer que atinjam todas as idades;

Incentivar e apoiar bandas, fanfarras e orquestras;

Reativar e apoiar as ações do Conselho Municipal de Cultura;

Incentivar projetos de cultura, como grupos de teatro e dança, folclore, programas de literatura, artes plásticas, grupos musicais, artesanato, cultura popular e museu;

Implantar a Escola da Cultura, com formação de alunos em diversas especialidades;

Promover e valorizar festas populares;

Desenvolver projetos que visem o estabelecimento de um calendário de eventos culturais;

Promover atividades e eventos culturais, fortalecendo as tradições e culturas locais e regionais;

Apoiar, incentivar e valorizar as festas tradicionais como Reinado e Folia de Reis;

Estimular a iniciativa privada para implantação da sala de cinema;

Criar e divulgar calendário anual da cultura;

Suporte à elaboração de projetos culturais para captação de recursos estaduais e federais, assim como da iniciativa privada;

Revitalizar o Carnaval de Rua, incentivando os blocos carnavalescos de Itaúna;

Viabilizar a integração das comunidades rurais com a arte e a cultura;

Possibilitar a integração permanente com artistas e agentes culturais da cidade, através do Fórum Municipal de Cultura;

Dar autonomia administrativa ao Setor de Cultura, vinculando-o diretamente ao Gabinete do Prefeito;






Arquivo: Facebook (Rede Social)
Data: 22/agosto/2012
Organização: Charles Aquino