sábado, fevereiro 10, 2024

TABLOIDE PEDRA NEGRA Nº5

QUILOMBO DA FAMÍLIA RODRIGUES EM ITAÚNA


O Quilombo da Família Rodrigues, localizado na margem esquerda do rio São João, adjacente à vila da Beira do Rio em Itaúna/MG, abrigava uma comunidade remanescente de quilombo, constituída exclusivamente por afrodescendentes. Segundo o genealogista Guaracy de Castro Nogueira, essa comunidade era autossuficiente, com diversas famílias unidas pelo sangue e por vestígios da herança africana. O patriarca Belmiro liderava o grupo, narrando histórias dos antepassados que habitaram a mesma terra.

A comunidade vivia isolada, praticando agricultura, colheita e tecelagem, e não se interessava por propriedade ou dinheiro. Em busca de preservação do seu modo de vida, Guaracy interveio comprando a Fazenda do João Alves de Morais e construindo seis casas, fornecendo escrituras oficiais e acesso à água. Cada casal também recebeu Cr$ 10.000,00 em 1956.

Apesar das festividades e confraternizações organizadas por Guaracy, a comunidade logo percebeu que a terra não era tão fértil. Muitos venderam suas propriedades para novos compradores que buscavam um refúgio à beira do lago. A integração na cidade não foi benéfica para todos, e poucos progrediram significativamente.

Guaracy também relatou episódios de auxílio a Belmiro, inclusive transportando-o ao hospital até sua morte em 1968. Belmiro, nascido por volta de 1890, era filho de Carlota, possivelmente uma ex-escravizada, o que liga a narrativa da comunidade às raízes profundas do período pós-abolição. A memória dos habitantes, descritos como pessoas de bom caráter e humildes, permanece viva, ilustrando a vida pacífica e dinâmica dos quilombolas.

A investigação sobre Belmiro confirma seu nome completo como Belmiro Severino Rodrigues, que faleceu aos 78 anos, em 17 de abril de 1968. Seu registro de óbito, categorizando-o como filho de Carlota, é um detalhe intrigante, sugerindo a possível escravização de sua mãe antes da abolição, enriquecendo ainda mais a história da comunidade quilombola da Família Rodrigues.


PEDRA NEGRA

Organização e pesquisa: Charles Aquino