quinta-feira, agosto 05, 2021

JOÃO DORNAS FILHO

UM ITAUNENSE ...

JOÃO DORNAS FILHO

Nascido no arraial de Santana do Rio São João Acima, hoje Itaúna (MG), em 7 de agosto de 1902, João Dornas Filho despontou como uma figura literária multifacetada, destacando-se como romancista, contista, ensaísta, historiador e biógrafo. Crescendo em uma família de 12 irmãos - Maria (1893), Umbelina (1895), Blandina (1897), Manoel (1898), Helena (1900), Laura (1903), Abel (1905), Noêmia (1906), Margarida (1908), Eunice (1916), Renê (1914) e Suzana (1918) - era filho de João Dornas dos Santos (1858-1938), defensor da emancipação do município, e de Maria Eugênia de Mello Vianna (1874-1960). 

João Dornas, conhecido pelo apelido de Záu, era um indivíduo autodidata e com profunda paixão pela literatura e pelo conhecimento. Apesar de ter frequentado apenas a escola primária no Grupo Escolar Dr. Augusto Gonçalves, conseguiu cultivar uma cultura vasta e refinada através do seu próprio esforço. Considerado por muitos uma excentricidade intelectual, Dornas Filho foi descrito como uma pessoa humilde e afável por seus entes queridos e amigos. Foi nos primeiros anos, enquanto trabalhava como tipógrafo, que a sua paixão pela palavra escrita se enraizou.

O Suplemento Literário Mineiro de 1977, publicou um artigo intitulado "Literatura Mineira: João Dornas Filho e Júlio Ribeiro", que traz um retrato detalhado do escritor que o descreve como uma pessoa de temperamento extrovertido, era companheiro de todos, abraçando um estilo de vida boémio que lhe era único. Ele foi um estudioso diligente e curioso, receptivo a todas as formas de expressão artística e ressonância emocional. Ele defendeu destemidamente suas crenças, disposto a se envolver em debates controversos quando necessário. Um modelo de responsabilidade e integridade intelectual inabalável.

Na década de 1920, Dornas mudou-se para a capital mineira com o intuito de buscar oportunidades de trabalho e estabelecer conexões na área do jornalismo. Foi nesta movimentada capital mineira que fez amizade com conceituados intelectuais e artistas, tanto locais como de todo o mundo. Notavelmente, o renomado pintor Di Cavalcante chegou a imortalizar Dornas por meio de uma caricatura cativante, hoje valorizada e protegida pela Prefeitura de Itaúna.

Em 1928, Dornas colaborou com Guilhermino César e Aquiles Vivacqua para estabelecer ligações com Mário de Andrade, contribuindo ativamente para o avanço do movimento modernista em Belo Horizonte. Seus esforços incluíram a edição do influente panfleto Leite Criôlo, uma importante publicação alternativa dentro da imprensa modernista. Essa publicação não só teve profundo impacto em Minas Gerais, mas também repercutiu em São Paulo e no Rio de Janeiro.

A cadeira número 12 da AML — Academia Mineira de Letras, cujo patrono é Alvarenga Peixoto, foi ocupada por ele quando foi eleito para a prestigiada instituição em 1945. Apesar dos seus esforços em defesa da inclusão das mulheres nas atividades académicas, Dornas enfrentou resistência dos seus colegas e não conseguiu concretizar as desejadas reformas no estatuto da AML. Reconhecido como uma das figuras mais destacadas de Itaúna, João Dornas Filho sempre expressou profundo respeito e apreço por sua cidade natal, expondo seus valores culturais por meio de suas palavras. "Desafortunadamente", faleceu em 11 de dezembro de 1962, sendo sepultado no Cemitério Bonfim , em Belo Horizonte/MG, na Quadra 16, Jazigo 271.   


Saiba mais 


Referências:
Texto e pesquisa: Charles Aquino  
Óbito João Dornas Filho: Cemitério do Bonfim 
Genealogia da Família Dornas: Alan Penido, Rodrigo Kaukal Valladares


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