Fato pitoresco da história da nossa cidade, seria sobre as vendas de velas na
Semana Santana que eram empreendidas por Jair Debique. O comerciante nasceu em
1944 no município de Itatiaiuçu, nesta época pertencente ao município de Itaúna.
Filho de lavradores, José Juscelino de Faria (Debique) e Amélia Sabina da Silva,
mudou-se para Itaúna a fim de acompanhar os pais em 1947. Na ocasião, os irmãos
mais velhos aproveitaram a vinda da família e também buscaram oportunidades de
trabalho. O primeiro local de moradia, foi na rua Gonçalves da Guia, o
principal ponto da boêmia da cidade naquela época.
Jair
Debique começou a trabalhar bem cedo com o pai em diversos
serviços, com apenas 7 anos de idade, além de limpar terrenos na enxada era engraxate e aos 14 anos foi trabalhar no Cine Rex vendendo balas e doces. Aos
17 anos foi trabalhar como mensageiro da Dona Mariquita (esposa do José Rosa)
nos antigos telefones agendados, aos 21 anos, como quase todos itaunense, foi
trabalhar na Companhia Industrial Itaunense - função de Fiandeiro,
com 24 anos de idade, serviu Polícia Militar de Minas Gerais na cidade de
Passos - 12º Batalhão da PM e segundo Jair, sua saída, foi devido ser muito “brincalhão”
e a Polícia daquela época possuía mais dificuldades que a família dele.
Retornou à
Companhia Itaunense, depois trabalhou na Juvenila, Companhia Industrial Belo
Horizonte, Santa Elizabeth, Companhia Paraense e retornou para Itaunense como
fiandeiro, momento em que conheceu sua esposa Vicentina Antunes que trabalhava
na função de Fiandeira. Aos 26 anos, foi trabalhar na Dinâmica Têxtil do
Deputado Marcos Lima em 1970, quando ela abria as portas. Lá assumiu a função
de motorista, conta com orgulho que, várias vezes, dirigiu o Chevrolet do
Senhor João Lima Jr. para levar a Dona Tereza em seu sítio no Morro do Engenho.
No ano de
1976, retorna sua habilidade comercial aos 32 anos, em parceria com o seu amigo
Raimundo Faria, Teco da Casa Ferreira, comprou um Fusca 74 e começou a
vender Calçados de Nova Serrana, viajando por toda Minas Gerais, São Paulo, Rio
de Janeiro, Espírito Santo, Bahia e Goiás. Mais tarde, Jair começa a vender a
vender calçados em parceria com seu irmão e paralelo a isso, montou uma loja de
Calçados Colegial, em Itaúna, depois em Desterro de Entre Rios e Itatiaiuçu.
Jair
Debique começou a vender velas na Semana Santa, pois em uma das suas viagens a
Guaranésia, no Estado de Goiás, viu os meninos vendendo velas e despertou a
curiosidade. Implementando em Itaúna as vendas de vela na Semana Santa, Jair
juntou a criançada do Alto do Rosário e do bairro de Lourdes e iniciou a nova
empreitada.
Jair comenta
orgulhosamente que seu melhor vendedor foi “o Manoelzinho, João do Pulo, o
Carlos Roberto - Mudinho Gari, Zé Querosene, Antônio José de Faria Júnior - Da
Lua -atualmente vereador em Itaúna”. Jair explica que comprava as velas no
quilo em Belo Horizonte e vendia a granel com o auxílio da criançada, que era
muito bem remunerada. A venda de vela ficou famosa, por isso ampliou o comércio
na vizinha cidade de Carmo do Cajuru.
Certa vez,
o Padre José Ferreira Neto implementou a venda por meio da Paróquia de Santana,
enviando uma carta a Jair para que parasse as vendas, pois a criançada
atrapalhava a venda das velas paroquiais, que eram comercializadas nas
barracas montadas na praça da Matriz.
Foram anos
de muitas histórias com a venda das velas. Os jovens (registra o cronista e
professor Sílvio Bernardes no jornal S’Passo) iam gritando: “Oiá a véia,
oiá a véia” enquanto deveriam estar falando “olhem a vela, olhem
a vela”.
Outra
inovação de Jair Debique foram as barracas do Jogo do Coelho nas festividades
do Reinado. O Jogo do Coelho foi
implementado quando Jair, em um passeio ao Parque Municipal, interessou-se pelo
negócio e trouxe a ideia inovadora para o município de Itaúna nas festividades
de Nossa Senhora do Rosário. O jogo funcionava por meio de apostas que eram
feitas em forma de palpites. Havia várias casinhas e o jogador que acertava a
casinha em que o coelho escolhia entrar, levava o prêmio oferecido. O apostador
ganhava brindes e, algumas vezes, dinheiro. Nesta época seus irmãos Oscar,
Gentil e Marquinho do Táxi ajudaram, além de Zita e Marta. Os irmãos ficaram
conhecido como os irmãos bermudas, pelo fato de nunca usarem calça no
dia a dia.
Jair Debique até hoje mora na região do Rosário, onde estes fatos pitorescos e históricos ocorreram em nossas barrancas itaunenses.
Veja a incrível história completa ... agora disponível no vídeo abaixo:
REFERÊNCIA:
Texto:
Alexandre Campos*
Fonte Impressa:
Jornal S’Passo, ed.1378, p.10, 27/03/2021, Itaúna/MG
Fonte Oral:
Jair Debique
Entrevista:
Alexandre Campos
Organização:
Charles Aquino
Acervo:
Fotografia meramente ilustrativa. Disponível em: https://flashbak.com/on-this-day-in-photos-june-7th-in-the-20th-century-53404/candle-maker/
* O autor do texto é responsável pela publicação.