domingo, agosto 01, 2021

VELAS EM SANTANA

Fato pitoresco da história da nossa cidade, seria sobre as vendas de velas na Semana Santana que eram empreendidas por Jair Debique. O comerciante nasceu em 1944 no município de Itatiaiuçu, nesta época pertencente ao município de Itaúna. Filho de lavradores, José Juscelino de Faria (Debique) e Amélia Sabina da Silva, mudou-se para Itaúna a fim de acompanhar os pais em 1947. Na ocasião, os irmãos mais velhos aproveitaram a vinda da família e também buscaram oportunidades de trabalho. O primeiro local de moradia, foi na rua Gonçalves da Guia, o principal ponto da boêmia da cidade naquela época.

Jair Debique começou a trabalhar bem cedo com o pai  em diversos serviços, com apenas 7 anos de idade, além de limpar terrenos na enxada era engraxate e aos 14 anos foi trabalhar no Cine Rex vendendo balas e doces. Aos 17 anos foi trabalhar como mensageiro da Dona Mariquita (esposa do José Rosa) nos antigos telefones agendados, aos 21 anos, como quase todos itaunense, foi trabalhar na Companhia Industrial Itaunense - função de Fiandeiro, com 24 anos de idade, serviu Polícia Militar de Minas Gerais na cidade de Passos - 12º Batalhão da PM e segundo Jair, sua saída, foi devido ser muito “brincalhão” e a Polícia daquela época possuía mais dificuldades que a família dele.

Retornou à Companhia Itaunense, depois trabalhou na Juvenila, Companhia Industrial Belo Horizonte, Santa Elizabeth, Companhia Paraense e retornou para Itaunense como fiandeiro, momento em que conheceu sua esposa Vicentina Antunes que trabalhava na função de Fiandeira. Aos 26 anos, foi trabalhar na Dinâmica Têxtil do Deputado Marcos Lima em 1970, quando ela abria as portas. Lá assumiu a função de motorista, conta com orgulho que, várias vezes, dirigiu o Chevrolet do Senhor João Lima Jr. para levar a Dona Tereza em seu sítio no Morro do Engenho.

No ano de 1976, retorna sua habilidade comercial aos 32 anos, em parceria com o seu amigo Raimundo Faria, Teco da Casa Ferreira, comprou um Fusca 74 e começou a vender Calçados de Nova Serrana, viajando por toda Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia e Goiás. Mais tarde, Jair começa a vender a vender calçados em parceria com seu irmão e paralelo a isso, montou uma loja de Calçados Colegial, em Itaúna, depois em Desterro de Entre Rios e Itatiaiuçu.

Jair Debique começou a vender velas na Semana Santa, pois em uma das suas viagens a Guaranésia, no Estado de Goiás, viu os meninos vendendo velas e despertou a curiosidade. Implementando em Itaúna as vendas de vela na Semana Santa, Jair juntou a criançada do Alto do Rosário e do bairro de Lourdes e iniciou a nova empreitada.

Jair comenta orgulhosamente que seu melhor vendedor foi “o Manoelzinho, João do Pulo, o Carlos Roberto - Mudinho Gari, Zé Querosene, Antônio José de Faria Júnior - Da Lua -atualmente vereador em Itaúna”. Jair explica que comprava as velas no quilo em Belo Horizonte e vendia a granel com o auxílio da criançada, que era muito bem remunerada. A venda de vela ficou famosa, por isso ampliou o comércio na vizinha cidade de Carmo do Cajuru.

Certa vez, o Padre José Ferreira Neto implementou a venda por meio da Paróquia de Santana, enviando uma carta a Jair para que parasse as vendas,pois a criançada atrapalhava a venda das velas paroquiais, que eram comercializadas nas barracas  montadas na praça da Matriz.

Foram anos de muitas histórias com a venda das velas. Os jovens (registra o cronista e professor Sílvio Bernardes no jornal S’Passo) iam gritando: “Oiá a véia, oiá a véia” enquanto deveriam estar falando “olhem a vela, olhem a vela”.

Outra inovação de Jair Debique foram as barracas do Jogo do Coelho nas festividades do Reinado.  O Jogo do Coelho foi implementado quando Jair, em um passeio ao Parque Municipal, interessou-se pelo negócio e trouxe a ideia inovadora para o município de Itaúna nas festividades de Nossa Senhora do Rosário. O jogo funcionava por meio de apostas que eram feitas em forma de palpites. Havia várias casinhas e o jogador que acertava a casinha em que o coelho escolhia entrar, levava o prêmio oferecido. O apostador ganhava brindes e, algumas vezes, dinheiro. Nesta época seus irmãos Oscar, Gentil e Marquinho do Táxi ajudaram, além de Zita e Marta. Os irmãos ficaram conhecido como os irmãos bermudas, pelo fato de nunca usarem calça no dia a dia.

 Jair Debique até hoje mora na região do Rosário, onde estes fatos pitorescos e históricos ocorreram em nossas barrancas itaunenses.

 

REFERÊNCIA:

Texto: Alexandre Campos*

Fonte Impressa: Jornal S’Passo, ed.1378, p.10, 27/03/2021, Itaúna/MG

Fonte Oral: Jair Debique

Entrevista: Alexandre Campos

Organização: Charles Aquino

Acervo: Fotografia meramente ilustrativa. Disponível em: https://flashbak.com/on-this-day-in-photos-june-7th-in-the-20th-century-53404/candle-maker/

* O autor do texto é responsável pela publicação. 

 

0 comentários:

Postar um comentário