terça-feira, julho 30, 2019

OS COLIBRIS DE ITAÚNA

OFERTA DE 100 COLIBRIS À CHINA

Convidou o jornalista Assis Chateaubriand o embaixador Li Ti-Tsan e o Consul Geral da China em São Paulo, sr. Chihslen Mao para um almoço e estendendo o convite a amigos seus, como os srs. Nelson Cayres de Brito, Roberto Paiva e Ismael Ribeiro.

Momentos antes do almoço, o jornalista Assis Chateaubriand conferenciou com os diplomatas chineses, convidando-os a conhecer o viveiro de colibris da Casa Amarela, que conta inicialmente com 100 colibris, dos quais 28 capturados nas florestas, 72 foram criados nos viveiros do sr. Augusto Ruschi, no Espírito Santo.

Durante a visita o jornalista Assis Chateaubriand declarou demostrando ser profundo conhecedor do assunto que os colibris se adaptam bem ao cativeiro. Presos vivem muito mais tempo que em liberdade.

Disse que cárcere privado é promissor para esses pássaros, pois tem o néctar das flores e o mel (água com açúcar) que inexistem na floresta. A água com açúcar colocada em redor do viveiro é preparada na base de 20 por centro ou ainda: em cada litro de d’agua 200 gramas de açúcar.  

CAMPANHA DOS COLIBRIS NO BRASIL

Perguntou o sr. Assis Chateaubriand aos diplomatas chineses se a China existe colibris, tendo o embaixador Li Ti-Tsan respondido negativamente. Só veio a conhecer alguns em Petrópolis e, ontem, a coleção da Casa Amarela.

Esclarecendo a oferta de colibris à República da China, o sr. Assis Chateaubriand disse que enviará colibris das montanhas de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul que estão habituados a uma temperatura de 3 a 4 graus. E argumentou: “Tenho um amigo na Inglaterra para quem mandei 60 colibris.

Ele os mantém durante o inverno a uma temperatura de 20 graus abaixo de zero. Os colibris não devem ser engordados. Gordos morrem, porque a sua musculatura impede a conservação e agilidade. A gordura é inimiga do beija-flor.

Vamos iniciar uma campanha para dar ao Brasil 500 viveiros em um ano. Nós estamos editando um livro em dois volumes sobre os colibris brasileiros. São conhecidas no mundo 330 variedades de colibris, das quais o Brasil já tem 130.


Assis Chateaubriand



ITAÚNA ADERE À CAMPANHA DOS COLIBRIS

A cidade de Itaúna será integrada na Campanha Nacional pela preservação da espécie dos beija-flores, lançada pelo jornalista Assis Chateaubriand, instalando três viveiros de colibris, que, serão inaugurados, ali, em maio, com grandes festividades. O principal viveiro será construído na praça Augusto Gonçalves, por iniciativa do prefeito Milton de Oliveira Penido, devendo obedecer às disposições da planta modelo, distribuída pelos “Diários Associados”.

O chefe do Executivo municipal de Itaúna convidou o fundador dos “Associados” para paraninfar a solenidade e vai solicitar a indicação da cidade par sede do Museu Regional do Oeste de Minas, que deverá ser instalado pela Campanha dos Museus Regionais, também, lançada no país pelo sr. Assis Chateaubriand.

Em seu pedido, o prefeito Milton de Oliveira Penido vai evocar a tradição histórica de Itaúna, bem como seu pioneirismo na indústria da região, lembrando, ainda, os foros de cultura de sua gente. Itaúna foi uma das primeiras cidades mineiras a possuir um jornal “O Centro de Minas”, que circulou antes de 1900 e uma das primeiras a instalar uma indústria têxtil — a Companhia de Tecidos Santanense, entre outras inúmeras conquistas.


Prefeito Milton de Oliveira Penido

NOTA
Essa reportagem é do ano de 1963. O Brasil evoluiu e com ele a mentalidade/entendimento da criação/preservação de “pássaros da fauna silvestre”. Hoje temos diversas leis de proteção visando a conscientização/preservação da nossa fauna brasileira.

Os colibris são aves Apodiformes que “é uma ordem de aves de pequeno porte, caracterizadas pelo bico longo e asas afiladas. Estes animais têm um metabolismo muito acelerado, em que o batimento cardíaco pode chegar a 1.200bmt (batimentos por minuto), asas muito longas, úmero curto, músculos de voo muito desenvolvidos, penas secundárias curtas, dez penas caudais, pés muito pequenos com garras recurvadas. São os andorinhões e os beija-flores”.

A deputada Shéridan Esterfany Oliveira de Anchieta é uma psicóloga e política brasileira, deputada federal por Roraima que enviou um Projeto de nº 3.264/2015 ao Congresso Nacional que proíbe “a criação de passeiformes, nativos ou exóticos, em cativeiro, em todo o território nacional”, entretanto, na “Justificação” do projeto, acreditamos que seja também, uma importante mensagem de preservação e amor a todos os “pássaros” da fauna silvestre brasileira:

JUSTIFICAÇÃO

Os pássaros necessitam, para seu normal desenvolvimento, alimentação e reprodução, viver em liberdade. Os pássaros estão adaptados para voar e explorar vastos espaços. Confiná-los dentro de exíguas gaiolas, onde mal podem se mover, privando-os do contato com o diversificado e estimulante ambiente natural, é um ato de crueldade.

A legislação vigente proíbe a captura e a manutenção em cativeiro de pássaros da fauna silvestre, mas autoriza a criação e a comercialização de dezenas de espécies da fauna nativa nascidas em cativeiro e de espécies exóticas.

Manter aves em gaiolas, mesmo as nascidas em cativeiro, para desfrute humano, segue sendo um ato cruel que não se justifica moralmente. Não é necessário manter pássaros em gaiolas para desfrutar o canto dos sabiás, dos pintassilgos e dos canários, o voo dos beija-flores e dos pardais, o trabalho artesanal do joão-de-barro e a beleza da gralha azul e do bico-de-ferro, apenas para dar alguns pouquíssimos exemplos.

Há inúmeras formas de atrair e manter pássaros na vizinhança das moradias humanas, sem que seja necessário privá-los da liberdade. O que precisamos é manter as áreas com vegetação natural, ampliar os parques e a arborização nas cidades e educar as pessoas para que possam conhecer, reconhecer e desfrutar dos pássaros ao ar livre.

Brasília, com suas extensas áreas verdes e parques urbanos, é um exemplo. É muito fácil observar, no Plano-Piloto, pássaros como o sabiá, o joão-de-barro, o bem-te-vi, o beija-flor-tesoura, a asa-branca, a rolinha-caldo-de-feijão, o chopim, os anus, o alma-de-gato, andorinhas, pica-paus, periquitos, o carcará e muitos outros.

No Parque Olhos D´agua, bem no meio da área urbana, já foram registrados mais de uma centena de pássaros. Com um pouco mais de atenção é possível localizar ninhos e observar, na época de reprodução, o encantador processo de cuidado parental e o crescimento dos filhotes.
A criação de pássaros em gaiola é uma atividade anacrônica, que não se coaduna com os valores atuais. É tempo de abandoná-la, em favor de formas mais humanas, mais éticas e sustentáveis de desfrutar dos pássaros e da natureza. É com esse objetivo em mente que estamos apresentando o presente Projeto de Lei.

Sala das Sessões, em 8 de outubro de 2015.
Deputada Shéridan



Referências:

Pesquisa e Organização: Charles Aquino

Fonte Digital: Biblioteca Nacional Digital / Hemeroteca Digital Brasileira. “O Jornal”, Rio de Janeiro, 22 março de 1966, p.8; “Diário da Noite”, São Paulo 8 de julho de 1963, p.3.

Acervo: Itaúna Bons Tempos: Saudades anos 70, 80 e 90.

Arte: Alessandro Narimatsu de Faria (Colibri). Disponível em: @alefaria.art

Acervo: Assis Chateaubriand. Disponível em:  https://pt.wikipedia.org/wiki/Assis_Chateaubriand


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