OFERTA DE 100 COLIBRIS À CHINA
Convidou
o jornalista Assis Chateaubriand o embaixador Li Ti-Tsan e o Consul Geral da
China em São Paulo, sr. Chihslen Mao para um almoço e estendendo o convite a
amigos seus, como os srs. Nelson Cayres de Brito, Roberto Paiva e Ismael
Ribeiro.
Momentos
antes do almoço, o jornalista Assis Chateaubriand conferenciou com os
diplomatas chineses, convidando-os a conhecer o viveiro de colibris da Casa
Amarela, que conta inicialmente com 100 colibris, dos quais 28 capturados nas
florestas, 72 foram criados nos viveiros do sr. Augusto Ruschi, no Espírito
Santo.
Durante
a visita o jornalista Assis Chateaubriand declarou demostrando ser profundo conhecedor
do assunto que os colibris se adaptam bem ao cativeiro. Presos vivem muito mais
tempo que em liberdade.
Disse
que cárcere privado é promissor para esses pássaros, pois tem o néctar das
flores e o mel (água com açúcar) que inexistem na floresta. A água com açúcar
colocada em redor do viveiro é preparada na base de 20 por centro ou ainda: em
cada litro de d’agua 200 gramas de açúcar.
CAMPANHA DOS COLIBRIS NO BRASIL
Perguntou
o sr. Assis Chateaubriand aos diplomatas chineses se a China existe colibris,
tendo o embaixador Li Ti-Tsan respondido negativamente. Só veio a conhecer
alguns em Petrópolis e, ontem, a coleção da Casa Amarela.
Esclarecendo
a oferta de colibris à República da China, o sr. Assis Chateaubriand disse que
enviará colibris das montanhas de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul que estão
habituados a uma temperatura de 3 a 4 graus. E argumentou: “Tenho um amigo na
Inglaterra para quem mandei 60 colibris.
Ele os mantém durante o inverno a uma
temperatura de 20 graus abaixo de zero. Os colibris não devem ser engordados.
Gordos morrem, porque a sua musculatura impede a conservação e agilidade. A
gordura é inimiga do beija-flor.
Vamos
iniciar uma campanha para dar ao Brasil 500 viveiros em um ano. Nós estamos
editando um livro em dois volumes sobre os colibris brasileiros. São conhecidas no mundo 330 variedades de colibris, das quais o
Brasil já tem 130.
Assis Chateaubriand
ITAÚNA ADERE À CAMPANHA DOS COLIBRIS
A
cidade de Itaúna será integrada na Campanha Nacional pela preservação da
espécie dos beija-flores, lançada pelo jornalista Assis Chateaubriand,
instalando três viveiros de colibris, que, serão inaugurados, ali, em maio, com
grandes festividades. O principal viveiro será construído na praça Augusto
Gonçalves, por iniciativa do prefeito Milton de Oliveira Penido, devendo obedecer
às disposições da planta modelo, distribuída pelos “Diários Associados”.
O
chefe do Executivo municipal de Itaúna convidou o fundador dos “Associados”
para paraninfar a solenidade e vai solicitar a indicação da cidade par sede do
Museu Regional do Oeste de Minas, que deverá ser instalado pela Campanha dos Museus
Regionais, também, lançada no país pelo sr. Assis Chateaubriand.
Em
seu pedido, o prefeito Milton de Oliveira Penido vai evocar a tradição
histórica de Itaúna, bem como seu pioneirismo na indústria da região,
lembrando, ainda, os foros de cultura de sua gente. Itaúna foi uma das
primeiras cidades mineiras a possuir um jornal “O Centro de Minas”, que
circulou antes de 1900 e uma das primeiras a instalar uma indústria têxtil — a
Companhia de Tecidos Santanense, entre outras inúmeras conquistas.
Prefeito Milton de Oliveira Penido
NOTA
Essa
reportagem é do ano de 1963. O Brasil evoluiu e com ele a mentalidade/entendimento da criação/preservação de “pássaros da fauna silvestre”. Hoje temos diversas leis de
proteção visando a conscientização/preservação da nossa fauna
brasileira.
Os
colibris são aves Apodiformes que “é uma
ordem de aves de pequeno porte, caracterizadas pelo bico longo e asas afiladas.
Estes animais têm um metabolismo muito acelerado, em que o batimento cardíaco
pode chegar a 1.200bmt (batimentos por minuto), asas muito longas, úmero curto,
músculos de voo muito desenvolvidos, penas secundárias curtas, dez penas
caudais, pés muito pequenos com garras recurvadas. São os andorinhões e os
beija-flores”.
A
deputada Shéridan Esterfany Oliveira de Anchieta é uma psicóloga e política brasileira, deputada federal por Roraima que enviou um Projeto de nº 3.264/2015 ao Congresso
Nacional que proíbe “a criação de
passeiformes, nativos ou exóticos, em cativeiro, em todo o território nacional”,
entretanto, na “Justificação” do projeto, acreditamos que seja também, uma importante
mensagem de preservação e amor a todos os “pássaros” da fauna silvestre
brasileira:
JUSTIFICAÇÃO
Os
pássaros necessitam, para seu normal desenvolvimento, alimentação e reprodução,
viver em liberdade. Os pássaros estão adaptados para voar e explorar vastos
espaços. Confiná-los dentro de exíguas gaiolas, onde mal podem se mover,
privando-os do contato com o diversificado e estimulante ambiente natural, é um
ato de crueldade.
A
legislação vigente proíbe a captura e a manutenção em cativeiro de pássaros da
fauna silvestre, mas autoriza a criação e a comercialização de dezenas de
espécies da fauna nativa nascidas em cativeiro e de espécies exóticas.
Manter
aves em gaiolas, mesmo as nascidas em cativeiro, para desfrute humano, segue
sendo um ato cruel que não se justifica moralmente. Não é necessário manter
pássaros em gaiolas para desfrutar o canto dos sabiás, dos pintassilgos e dos
canários, o voo dos beija-flores e dos pardais, o trabalho artesanal do
joão-de-barro e a beleza da gralha azul e do bico-de-ferro, apenas para dar
alguns pouquíssimos exemplos.
Há
inúmeras formas de atrair e manter pássaros na vizinhança das moradias humanas,
sem que seja necessário privá-los da liberdade. O que precisamos é manter as
áreas com vegetação natural, ampliar os parques e a arborização nas cidades e
educar as pessoas para que possam conhecer, reconhecer e desfrutar dos pássaros
ao ar livre.
Brasília,
com suas extensas áreas verdes e parques urbanos, é um exemplo. É muito fácil
observar, no Plano-Piloto, pássaros como o sabiá, o joão-de-barro, o bem-te-vi,
o beija-flor-tesoura, a asa-branca, a rolinha-caldo-de-feijão, o chopim, os
anus, o alma-de-gato, andorinhas, pica-paus, periquitos, o carcará e muitos
outros.
No
Parque Olhos D´agua, bem no meio da área urbana, já foram registrados mais de
uma centena de pássaros. Com um pouco mais de atenção é possível localizar
ninhos e observar, na época de reprodução, o encantador processo de cuidado
parental e o crescimento dos filhotes.
A
criação de pássaros em gaiola é uma atividade anacrônica, que não se coaduna
com os valores atuais. É tempo de abandoná-la, em favor de formas mais humanas,
mais éticas e sustentáveis de desfrutar dos pássaros e da natureza. É com esse
objetivo em mente que estamos apresentando o presente Projeto de Lei.
Sala
das Sessões, em 8 de outubro de 2015.
Deputada
Shéridan
Referências:
Pesquisa e Organização:
Charles Aquino
Fonte Digital:
Biblioteca Nacional Digital / Hemeroteca Digital Brasileira. “O Jornal”, Rio de
Janeiro, 22 março de 1966, p.8; “Diário da Noite”, São Paulo 8 de julho de
1963, p.3.
Acervo: Itaúna Bons Tempos: Saudades anos 70, 80 e 90.
Acervo: Itaúna Bons Tempos: Saudades anos 70, 80 e 90.
Arte:
Alessandro Narimatsu de Faria (Colibri). Disponível em: @alefaria.art
Projeto de Lei nº 3.264/2015:
Disponível em: https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra;jsessionid=465B85FD9AD79A662D6314E57D25C06A.proposicoesWebExterno1?codteor=1402712&filename=Avulso+-PL+3264/2015
Acervo: Assis
Chateaubriand. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Assis_Chateaubriand