quarta-feira, janeiro 31, 2018
PROFESSOR MARCO ELÍSIO
Trabalhou na Escola Estadual de Itaúna, onde exerceu dignamente sua carreira. No Ginásio Sant’Anna foi professor de Ciências, Geografia, História; No Ginásio Orientado para o Trabalho de Santanense foi professor de Geografia; na Escola Normal lecionou Educação Moral e Cívica e Geografia; na Escola Estadual Victor Gonçalves de Souza foi professor de Inglês e na Universidade de Itaúna lecionou Cultura Brasileira, Literatura Brasileira, Estudos dos Problemas Brasileiros e Sociologia.
Durante todo o período em que desenvolvia suas atividades profissionais como professor atuou de forma significativa na vida cultural, política, religiosa e social da cidade. Foi Secretário da Educação, Secretário Executivo da Fundação de Cultura, Desportos e Turismo de Itaúna e Presidente do CODEMA-Itaúna. Realizou os estudos preliminares sobre o Projeto de Organização do Serviço de Água e Esgoto de Itaúna e participou de modo efetivo do Projeto “Itaúna – Cidade Educativa” em 1975. A Cultura de Itaúna lhe é devedora de significativa contribuição, principalmente dos tempos áureos da Fundação de Cultura, tempo dos melhores carnavais da cidade, não desmerecendo as Exposições de Orquídeas e a grande festa popular do Reinado.
No campo religioso teve atuação constante e profícua na vida da Igreja, atuando como ministro da eucaristia por longos anos, amigo dos padres (era o responsável pela confecção do tradicional tapete de Corpus Chriti e do presépio da Matriz = tapete herdado pela Bel de Abreu e presépio herdado pelo Maestro Henrique) e devoto fervoroso de Maria, a Mãe de Jesus, tornando inclusive conhecido como o maior construtor de grutas de Itaúna. Sua devoção a Virgem Maria o fez publicar obras sobre suas aparições pelo mundo afora, bem como obras sobre a devoção do Santo Rosário.
Foi destacado palestrante, aonde a ECOLOGIA foi uma das grandes paixões do professor Marco Elísio, sempre defendendo a bandeira do desenvolvimento sustentável, tratando a natureza e o meio ambiente com a mesma dignidade de criatura do mesmo Criador. Esta sua fé inabalável no potencial humano de transformar sua realidade e de preservar o meio ambiente, aliando ecologia e teologia está presente em suas obras: Sopros – Questão Ecológica– Humanista Urgente, 3ª ed. Itaúna: Vile Editora 2011; O Rosário Bíblico Meditado: Orações do Rosário 2ª ed.; Ave, Maria: Bernadete e a Imaculada Conceição, Aparições de nossa senhora em Itaúna e terço dos homens, A caminho da santidade padre Eustáquio e Irmã Benigna em Itaúna, Gruta e devoções.
Dentre tantas peculiaridades destaco a de incorrigível sonhador. E o que seria do mundo, sem os sonhadores? No entanto, os sonhadores nem sempre são compreendidos, e quase sempre ridicularizados. Pela virtude e pela ousadia de sonhador, Marco Elísio, recebeu de críticos, no final da década de 1970, a alcunha de “MENTE COR DE ROSA”. Sabemos que esta alcunha, por algum tempo lhe incomodou; mas ter uma “Mente Cor de Rosa” representa, acima de tudo, esta ousadia de sonhar, sonhos possíveis e impossíveis, em um mundo que cada dia tenta cercear nossos sonhos.
Itaúna – a humana e pitoresca- teve um homem de mente cor de rosa e de dedo verde; morava em um lindo sobrado cor de rosa e todos aqueles tocados de alguma forma por ele, tiveram suas sementes - que traziam adormecidas - no coração e na alma, germinadas em lindas flores...Flores de renovação, de esperança, de vida. Prof. Marco Elísio foi semear, junto dos outros anjos, a Paz pelo mundo. E ao chegar no céu, despejou sobre sua Itaúna, abundante chuva para brotar nossos sonhos...
Acervo: Charles Aquino
terça-feira, janeiro 30, 2018
ITAÚNA: PRAIA DOS MOINHOS
A história dos moinhos d'água em
Itaúna é um fascinante capítulo na trajetória dessa cidade. Nas palavras do
historiador itaunense João Dornas Filho, esses moinhos não eram apenas
estruturas de moagem, mas centros pulsantes de atividade, onde o milho era
transformado em fubá de angu, um alimento essencial na dieta local. Suas cerca
de vinte casinhas formavam uma cena pitoresca e vital para a subsistência da
população.
A descrição do memorialista
Osório Fagundes adiciona uma dimensão poética à imagem dos moinhos,
comparando-os a um "bando de garças sobre as águas do açude". Essa
analogia evoca uma sensação de harmonia entre a natureza e a atividade humana,
onde a engenhosidade humana se funde com a paisagem natural. Já o Professor
Marco Elísio Chaves Coutinho nos transporta para essa época em que esses
moinhos pontilhavam as margens do rio São João, um testemunho tangível da
economia e da vida cotidiana da comunidade.
Esses moinhos d'água não são apenas estruturas físicas, mas símbolos de uma época passada, onde a vida seguia o ritmo das águas do rio São João. Eles representam a habilidade humana de se adaptar e aproveitar os recursos naturais para sustentar a comunidade. A história desses moinhos nos lembra da importância de preservar e valorizar nosso patrimônio histórico, para que as gerações futuras possam entender e apreciar as raízes de sua própria cidade.
E foi a partir da grande abundância de águas nos riachos e ribeirões do nosso Planalto Brasileiro, que possibilitou a instalação e o funcionamento de vários moinhos em um mesmo local, conseguindo utilizar a mesma leva d’água.
Chegando o volume d´água até ao moinho, a roda horizontal ou rodízio, irá acionar um eixo vertical que estará atrelado ao Mó de Baixo, o qual, o Mó de Cima irá girar triturando os grãos de milhos.
GOMES, Carla Neves Almeida. MORRO DA QUEIMADA – OURO PRETO: os benefícios da categorização paisagem cultural para sua gestão. Disponível em: http://www.forumpatrimonio.com.br/paisagem2014/artigos/pdf/141.pdf . Acesso em: 30/01/2018
sábado, janeiro 20, 2018
RUA JOÃO DORNAS
Em 1928, com Guilhermino César e Aquiles Vivacqua, Dornas teve contato com Mário de Andrade e construiu para impulsionar o movimento modernista de Belo Horizonte ao editar o panfletário Leite Crioulo, importante órgão alternativo da imprensa modernista, que repercutiu não só em Minas Gerais, como também em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Itaúna — Contribuição para a história do Município | 1936 |
Silva Jardim | 1936 |
Os Andradas na História do Brasil | 1937 |
O Padroado e a Igreja Brasileira | 1938 |
A Escravidão no Brasil | 1939 |
Bagana apagada | 1940 |
Apontamentos para a História da República | 1941 |
A Influência social do negro brasileiro | 1943 |
Figuras da Província | 1945 |
Júlio Ribeiro | 1945 |
Eça e Camilo | 1945 |
Antônio Torres | 1948 |
Os ciganos em Mina Gerais | 1948 |
Efemérides Itaunenses | 1952 |
Capítulos da Sociologia Brasileira | 1955 |
O Ouro das Gerais e a civilização da capitania | 1957 |
Aspectos da Economia Colonial | 1958 |
Pesquisa e Organização: Charles Aquino
Fotos: Adilson Nogueira, Charles Aquino
Acervo: Câmara Municipal de Itaúna / Prefeitura Municipal de Itaúna
Fotografia: Adilson Nogueira : Músico, Artista Plástico, Mestre de Cozinha e Fotógrafo profissional.
quinta-feira, janeiro 18, 2018
PRISÃO NO NOTURNO
Organização: Charles Aquino
quinta-feira, janeiro 04, 2018
BANANEIRA
Gosto de
metáforas. Costumo comparar os homens e as famílias com as bananeiras. Não
pensem que estou a chamar a espécie humana de " banana". É outra
história.
A bananeira só dá
frutos uma vez. Daí a expressão: " fulano é bananeira que já deu
cacho". Vegetal razoavelmente simples, sem a nobreza de uma jabuticabeira
ou qualquer árvore de porte, a bananeira, humilde e subalterna, se bem plantada
em cova funda, produzirá um belo cacho de frutas, com muitas pencas. Não tem
sementes. As mudas crescem ao redor da planta mãe, daí a necessidade de cova
funda.
Cortada a
primeira e colhidos os frutos, dentro de algum tempo teremos nova planta a
produzir. É o ciclo da vida que se repete, perpetuando a espécie. Simples e
inteligente. Não requer muitos cuidados. Somente boa terra, bom adubo e limpeza
ao redor para afastar fungos e pragas. Frutos deliciosos, fartos e nutritivos.
No quesito inteligência para ser comido, a banana é imbatível. Portátil,
higiênica e bem embalada. Uma campeã.
Voltemos à
comparação com os humanos. Em tempos de poucas famílias, de famílias múltiplas
e de gêneros iguais, de famílias desfeitas e outras modernices que teimam em
impingir aos tradicionais, a banana nos fornece um exemplo único. Produz em
cachos, tal como os cocos e as uvas.
Comparemos o
engaço do cacho aos chefes da família. Pai e mãe, a reunir a seu redor, filhos,
noras, genros, netos, e bisnetos, para os mais longevos. Como acontece com as
bananas, alguns frutos se deterioram mais rápido. Descartados, significam uma
perda, que não chega a significar o fim da família.
Com o passar do
tempo, os membros da família se reúnem de tempos em tempos em torno de pais e
mães. São as bananas ao redor do engaço. Ao morrer um dos primitivos, o cacho
passa a perder unidade. Com a morte de pai e mãe, a família não se une mais.
Como nas bananas, é hora de descartar o engaço. Não serve para mais nada. É o
fim de uma família tradicional, como a conhecemos e igual àquela em que fomos
criados.
Pensei muito
nesta metáfora, no último episódio de doença pelo qual passei. Durante todo
tempo tive ao meu lado o núcleo familiar. Mulher, filhos, netos, sobrinhos,
primos e até a única tia que tenho a graça de ainda ter. A presença de entes queridos ao lado do
doente o anima a reagir. Como já disse em escrito anterior, o meu filho é um
craque. Senhor de todas as " expertises" para cuidar.
Em tempos de
famílias estranhas e esdrúxulas é sempre bom pensar como eu. Que bom ter
nascido como as bananeiras. Simples, filho de família tradicional, capaz de
render bons frutos e poder desfruta-los na necessidade.
Que Deus os
mantenha unidos e me proporcione por mais algum tempo o papel de engaço.
Uma nota
O mundo de hoje seria uma refeição completa para Nelson Rodrigues. Uma multidão impensável de idiotas. Gente capaz de passar doze horas em um frio polar, espremido numa multidão, à espera de uma bola que desce num trilho, para marcar o início de um novo ano.
Multidões espremidas e afanadas na praia de Copacabana à espera da passagem do ano e do show de Anitta (com dois tts). Idem em São Paulo à espera do Latino. Em Belo Horizonte, uma multidão em torno da Pampulha, a esperar a chegada de 2018, na beira do Patrimônio Mundial da Unesco mais fedorento que existe. Trata-se do " efeito manada”. Se o vizinho vai, fulano também, sicrano, etc., por não eu? Um espanto!!!
Texto: Urtigão
(nascido em Rio Piracicaba desde de 1943) é pseudônimo de José Silvério
Vasconcelos Miranda, que viveu em Itaúna nas décadas de 50 e 60. Causo verídico
enviado especialmente para o blog Itaúna Décadas em 02/01/2018.
Organização: Charles Aquino