quinta-feira, novembro 16, 2017
HIDELBRANDO CANABRAVA RODRIGUES
No período de trabalho em Belo Horizonte, fez dois cursos de vendas e relações públicas, sendo um no Rio de Janeiro (GB), na Glabin S/A e o outro em São Paulo, na Pirelli. No ano de 1956 mudou-se para Itaúna como comerciante no ramo de bebidas. Posteriormente foi trabalhar no Cartório de 2º ofício desta Comarca, como escrevente juramentado. Após três ou quatro anos de trabalho no Cartório, fez concurso para o Banco do Brasil, tendo sido aprovado e admitido na Agência desta cidade. No Banco trabalhou por aproximadamente três anos tendo saído para ocupar o carto de titular do Cartório de Registro de Imóveis desta Comarca.
Professor registrado de matemática para o segundo ciclo, tendo lecionado no Ginásio Sant'Ana durante muito tempo. Lecionou também por um ano no primeiro ano Científico da Escola Normal – Colégio Estadual de Itaúna.
Testada a opinião pública, em 15 de novembro de 1972, Dr. Hidelbrando Canabrava Rodrigues, teve confirmada a simpatia que lhe depositava a população, com a expressiva votação que lhe conferiu a vitória sobre o seu adversário, também da ARENA e de grandes raízes políticas no município. Dos 12.741 votos aproveitados nas urnas de 15 de novembro passado 9.101 votos foram conferidos ao Dr. Hidelbrando Canabrava Rodrigues e proposto para Cidadão itaunense, o que atesta o reconhecimento do povo aos relevantes serviços prestados.
quinta-feira, novembro 02, 2017
APELIDOS ITAUNENSE
LEGADO ITAUNENSE
A Academia Mineira de Letras (AML) é um baluarte da cultura e do conhecimento em Minas Gerais, com uma história rica e uma missão dedicada à promoção das artes e literaturas do estado. Entre seus membros, destacam-se quatro notáveis escritores de Itaúna, cujas contribuições são cruciais para o legado literário e cultural mineiro: Mário Gonçalves de Mattos, João Dornas Filho, Oscar Dias Corrêa e Miguel Augusto Gonçalves de Sousa.
Mário Gonçalves de Mattos é uma
figura preeminente entre os intelectuais itaunenses, conhecido por sua produção
em poesia e crítica literária. Seu trabalho, iniciado ainda nos tempos de
estudante, permeia o jornalismo e as artes, consolidando-se na AML pela
profundidade e rigor de suas análises. Mattos é celebrado por sua capacidade de
dissecar e interpretar a literatura mineira e brasileira, tornando-se um farol
para estudiosos e leitores.
João Dornas Filho, historiador e
escritor, é outro pilar da AML. Suas pesquisas detalhadas sobre a história de
Minas Gerais e do Brasil são consideradas obras de referência, oferecendo uma
compreensão profunda das raízes culturais do estado. Além de suas contribuições
acadêmicas, Dornas Filho é reconhecido por seu compromisso com a inclusão das
mulheres nas atividades da AML, refletindo uma visão progressista e inclusiva.
Oscar Dias Corrêa trouxe à AML
uma perspectiva multifacetada, combinando seu vasto conhecimento jurídico com
uma sensibilidade literária única. Como professor, jurista, parlamentar e
escritor, Corrêa contribuiu com análises críticas que interligam direito e
literatura, enriquecendo o debate cultural e jurídico na academia. Sua
abordagem interdisciplinar permanece uma fonte de inspiração para a AML e seus
membros.
Miguel Augusto Gonçalves de Sousa
destaca-se pela sua linguagem lírica e introspectiva, que enriquece a
literatura mineira. Na AML, Sousa é valorizado tanto por seu trabalho na
promoção da cultura literária quanto por seus esforços em divulgar a história
de Itaúna. Sua atuação reforça a missão da AML de ser um centro irradiador de
cultura e conhecimento.
Esses escritores itaunenses, ao
integrarem a AML, não apenas enriqueceram o panorama literário e cultural de
Minas Gerais, mas também fortaleceram o ambiente de diálogo e aprendizado
contínuo. A academia honra seu legado promovendo eventos, publicações e
iniciativas que incentivam a leitura, a escrita e a apreciação das artes,
consolidando seu papel como um pilar fundamental da educação e cidadania em
Minas Gerais e no Brasil.
Os discursos de posse desses
ilustres itaunenses revelam a profundidade de seu compromisso com a AML e a
literatura. Mário Gonçalves de Mattos exaltou a academia como um centro de
preservação da vida cultural e da tradição mineira, enquanto João Dornas Filho
expressou seu desejo de ser um membro diligente e dedicado. Oscar Dias Corrêa
destacou sua transparência e honestidade, e Miguel Augusto Gonçalves de Sousa
enalteceu a honra de seguir os passos de seus predecessores, reconhecendo a
importância de suas contribuições para a AML e para sua terra natal.
A participação desses escritores
na Academia Mineira de Letras reflete um compromisso profundo com a cultura, a
educação e a cidadania, consolidando a AML como um bastião da cultura mineira e
brasileira.
VACA ESTOURADA
Nos anos
cinquenta do século passado, o matadouro municipal não existia. Havia sim, algo
muito precário, bem na entrada da cidade, onde hoje existe uma ponte que cruza
o rio São João, um pouco antes da passagem de nível e do começo da rua Silva
Jardim.
Ali se matavam as
reses destinadas aos açougues. As tripas e outras partes dos bovinos que não
eram comerciais, eram jogadas na correnteza e o rio se encarregava de levar.
Uma festa para os urubus e para nós, pré-adolescentes.
Era lá que
buscávamos a bexigas. Ótimas bolas para o futebol. Matava-se indiscriminadamente, tanto bois
quanto vacas. Se as fêmeas fossem ruins de leite, o que acontecia com
frequência, em virtude de gado " pé duro", faca nelas. Sem perdão.
Além das bexigas
citadas, a localização do matadouro (sic) era uma benção. Tirante o gado
proveniente daquelas area, a maioria vinha de outras bandas. Tocadas pelos
vaqueiros, as reses tinham de atravessar a cidade. Diversão certa para a
molecada. Diversão maior, quando uma vaca " estourava". Fora do
controle dos vaqueiros, disparava pelas ruas, apavoradas com um ou outro carro
ou caminhão e até mesmo com a presença de pedestres.
E toca a peãozada
a correr atrás dos bichos, a cavalo ou a pé, com a cachorrada ajudando a
campear as reses fugitivas. E junto, a molecada.
O aviso de "
vaca estourada" corria cidade afora, tal qual rastilho de pólvora.
Meninada saindo das casas e correndo para não perder o espetáculo. Com o
alarido, os pobres bichos se assustavam mais. Raiva para os vaqueiros e alegria
da molecada. Cachorrada a latir, mulheres a correr e o tropel dos cavalos no
encalço das fugitivas. Quando alcançadas, às vezes extenuadas, empacavam e nada
as fazia mover.
Os cachorros, treinados para tal, latiam em redor, mordiam as orelhas e o rabo do boi ou da vaca, até que se levantassem. Estocadas de ferrão era dada pelos peões e os bichos por fim pegavam a rota. Para os vaqueiros, apenas um aborrecimento a mais na lida diária. Para a cachorrada, parte do serviço de campear gado. Para a meninada, diversão grátis, sem gastar dinheiro. Não tínhamos pena dos pobres animais. Tudo aquilo fazia parte do nosso mundo e fomos acostumados assim. Não sabíamos avaliar o mau trato aos animais e os adultos nem ligavam. Muita coisa mudou daqueles tempos pra cá. Neste caso, para melhor.
Texto: Urtigão
(desde 1943) é pseudônimo de José Silvério Vasconcelos Miranda, que viveu em
Itaúna nas décadas de 50 e 60. Causo verídico enviado especialmente para o blog
Itaúna Décadas em 26/10/2017.
Acervo: Shorpy