sexta-feira, março 31, 2017

FOTOGRAFIA EM ITAÚNA


HISTÓRIA DOS PHOTOGRÁPHOS EM ITAÚNA

Os trabalhos dos fotógrafos sempre contribuíram para registros históricos, disseminando a socialização na construção do indivíduo. 

Segundo nos informa o historiador e pesquisador, João Dornas Filho, o primeiro photográpho a realizar trabalhos de “freelancer” em Sant’Anna do Rio de São João Acima, hoje Itaúna, foi o italiano José Gallotti no ano de 1885. (DORNAS, p.98). Seus trabalhos eram realizados na “Província de Minas Gerais”, cujo, o período de sua estadia era temporário nas cidades por onde percorria.

O photográpho Gallotti, para o tratamento de suas fotografias, utilizava o processo Gelatno Bromuro (Placa Seca) e Emolsion Gelatine (Filho, p.4).  Este processo envolvia uma placa de vidro, o qual, se coloca uma solução de brometo de cádmio, água e gelatina, misturados com nitrato de prata.

O objetivo era melhorar a sensibilidade da placa seca já emulsionada, cujo, o tempo de exposição para fotografia seria reduzido e criando-se o conceito da Photographia Instantânea (George Eastman Museum). 

A técnica diferenciada de fotografia era inovadora e fez muito sucesso sendo aceito pelos seus clientes.  Nos cartões de fotografias, por trás, haviam marcas e logotipos:  Photographia Artística Italiana de J. Gallotti — Único processo inalterável a pousa instantânea — Emolsion Gelatine — Garantidos.

Ainda no ano de 1885, Manoel Marques da Silveira, Mariano José de Souza e Rogério Cândido de Andrade, do município de Bonfim/MG, expressaram “a mais perfeita estima e amizade” ao jovem Gallotti, escrevendo uma coluna para o jornal Liberal Mineiro, de Ouro Preto:
A César o que é de César
Esteve entre nós, por alguns mezes, o distincto photográpho, o sr. José Gallotti, moço que, a par de uma ilustração vasta e varidada, é senhor de uma educação, polidez, cavalheirismo e nobreza de caracter, que sobremaneira honrão a sua pátria, a terra de Dante; hoje uma das nações adiantadas e bem constituídas, a terra de vários gênios e honrosas tradições — a Itália. Não nos é possível descrever; entretanto, sem ofender a sua modéstia, permita-nos dizer, do alto da imprensa, que a impressão que nos causou, durante sua preciosa presença nesta cidade, é das mais gratas: esta impressão foi geral.
Tão bello é seo procedimento; tão cavalheiro e tão amável — que a todos inspira reaes sympathias; porquanto garantimos que, em qualquer parte que se achar, incontinente conquistará sinceras adesões e amizades, captando os corações de todos pelos laços do affecto e vivas sympathias.
Portanto, em qualquer parte que sua honrada profissão o levar, lhe pedimos que não se esqueça de seos amigos, os quaes, por esta forma, vimos protestar-lhe solemnmente a mais perfeita estima e amisade. Assim, pois, rendendo este público testemunho, apenas cumprimos um mandato que nossos corações, cheios de viva saudade e gratidão, nos impõem. Adeus, amigo Felicidades.
Bonfim, 14 de Junho de 1885.


No artigo sobre a expansão da fotografia em Minas Gerais no século XIX, Arruda (p.247) informa que: no ano de 1888, Gallotti chegava a cidade de Diamantina, anunciando seus trabalhos e informando sobre a qualidade do material fotográfico que possuía, o qual, eram bons e poderiam ser comparados com os da Corte e da Europa.

No acervo de fotos do Arquivo Público Mineiro, através da internet é possível acessar as fotografias que J. Gallotti tirou/revelou nos períodos de 1887 – 1890, em particular, um acervo fotográfico da família Joaquim Bernarda do Pompéu.

Depois dos trabalhos do photográpho J. Gallotti em Sant’Anna, surge Cícero Gonçalves Franco, photográpho e comerciante.  Integrante de uma numerosa família de irmãos — Ordália Gonçalves Franco, Olinto Gonçalves Franco, Democratino Gonçalves Franco, Cezostre Gonçalves Franco, Maria Augusta Franco, Ciro Gonçalves Franco, Modestino Gonçalves Franco, Vicente Gonçalves Franco e Avelino Gonçalves Franco.

Cícero Franco nasceu no distrito Sant’Anna do Rio São João Acima, no ano de 1892 no dia 8 de maio e batizado no dia 27 pelo Vigário Antônio Maximiano de Campos. Foi registrado no dia 4 de julho no Cartório de Registro Civil, Folha nº140v, Livro nº 1, sendo seus padrinhos, o cel. Manoel Gonçalves de Sousa Moreira e Ana Gonçalves de Sousa. Filho do cel. Francisco Manoel Franco e Aurora Gonçalves Franco.

O jovem Cícero tinha sua residência situada à rua Direita, hoje Av. Getúlio Vargas,  no distrito de Sant’ Anna e foi casado com Ana Gonçalves Sousa Moreira, filha de Virgílio Gonçalves de Sousa Moreira e Custódia Gonçalves Sousa, no dia 14 de junho do ano de 1919, no Cartório de Registro Civil, Folha n° 95v, Livro nº 4, o seu falecimento ocorreu no dia 18 de fevereiro do ano de 1976.

Outros photográphos (fotógrafos) vieram e alguns permaneceram “fincando raízes” registrando a história de Sant’Anna e de seu povo: Arthur Mauro, Brasilino Antônio da Silva, Benevides Garcia, Osvaldo, Antônio Gomes ...


REFERÊNCIAS:

FILHO, João Dornas. Itaúna: Contribuição para a História do Município, BH, 1936, p.98.
FILHO, Jorge da Cunha Pereira. Recanto das Letras: História, poesia e fotografia. Fóssil. Disponível em: <http://static.recantodasletras.com.br/arquivos/3948604.pdf >.
George Eastman Museum: The Gelatin Silver Print – Photographic Processes. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=iSBFrPWPS80 >.
Liberal Mineiro, Ouro Preto, ano VIII, n74, p.3, 25 de junho 1885.
 ARRUDA, Rogério Pereira de. A Expansão da fotografia em Minas Gerais: em estudo por meio da imprensa, 1845 – 1889. Disponível em:< http://dx.doi.org/10.1590/S0104-87752014000100011 >.
Instituto Cultural Maria Castro Nogueira: Genealogia da Família Franco. Orgs. Dr. Alan Penido, Aureo Nogueira da Silveira, Guaracy de Castro Nogueira (in memoriam).
Acervo Fotográfico: Instituto Histórico Pitangui -  IHP
Fotografia: Vandeir Santos / Charles Aquino

PESQUISA E ELABORAÇÃO: Charles Aquino, graduando em História pela UEMG/Divinópolis/MG, 7º período.

segunda-feira, março 27, 2017

BONFIM: DAS CINZAS À LUZ



Prof. Luiz MASCARENHAS*

         Capela do Bonfim, 16 de outubro de 2014. Capela do Bonfim, 26 de março de 2017. A primeira data refere-se ao grande sinistro: o incêndio. A segunda marca o novo tempo: sua reinauguração.

         O rosáceo dos paramentos dos clérigos se tornou mais vivo com a intensidade do sol naquela manhã. Presentes o bispo da Diocese, Dom José Carlos de Souza Campos, o Pe. Breno Antônio dos Santos – responsável pela Paróquia Nossa Senhora de Fátima- circunscrição religiosa aonde se localiza a Capela do Bonfim; seu vigário auxiliar, Pe. Marcelo Geraldo de Oliveira; Pe. Everaldo Quirino Ferreira –  da Paróquia Sant’ana- e o Pe. José Luiz de Freitas. Dentre as autoridades civis, o Prefeito Neider Moreira e a primeira dama, bem como diversos secretários municipais; representante do Ministério Público e a Imprensa local.

         Os vibrantes dobrados da Banda de Música “Sagrado Coração de Jesus” deram o tom festivo à solenidade. Após o rito cerimonial de praxe, as nominadas de autoridades e de pessoas gradas da Sociedade, com execução do Hino Nacional Brasileiro e a sentida ausência do Hino Municipal de Itaúna – visto se tratar de um resgate da História da cidade, o Sr.  Bispo ao final de sua fala fez ecoar pelo vale do São João o som do velho sino a conclamar os fiéis para a Santa Missa.

         No trecho do Evangelho de São João (Jo 9,1.6-9.13-17.34-38)   ouviu-se o mesmo a jogar com as palavras luz/ trevas, cegueira/visão, cego que vê, doutores com boas vistas e que não enxergam....Fez-se  pensar e muito. Se na noite do dia 16 de outubro de 2014, a cegueira de alguns poucos levou a uma violência contra o Patrimônio de todos, naquela manhã de domingo, 26 de março, a luz era intensa novamente- não somente vinda do alto do céu, mas na percepção daqueles que ali estavam para fazer reviver a pequena capelinha do Senhor do Bonfim.

         Na noite de outubro, quando do incêndio, as chamas do mesmo não conseguiram iluminar os corações, mas conseguiram tornar claro a cegueira de todos ao relegar o Bonfim ao abandono. O arder das chamas fez inflamar as consciências adormecidas... “Desperta, tu que dormes, levanta-te dentre os mortos e sobre ti Cristo resplandecerá” ( Ef 5, 14) , alertou São Paulo aos itaunenses.  Não se trata apenas e tão somente da capela de pedra, cal e madeiras…Mas do templo espiritual interno de cada um que reside nas barrancas de Sant’ana do rio São João Acima. É tempo de reconstruir-se. E segue Paulo Apóstolo em sua admoestação... “Não vos associeis às obras das trevas, que não levam a nada; antes, desmascarai-as” (Ef 5, 11).

         E naquela manhã o “Senhor nos conduziu pelos prados e campinas verdejantes” (Sl 22)  até o alto do Bonfim. Capela restaurada através de parcerias diversas; entre a Mitra Diocesana de Divinópolis, a Paróquia de Fátima, o Ministério Público, a Prefeitura Municipal e tantos outros agentes anônimos. 

Apesar de ainda não ter sua peça sacra principal que a caracterizava – o seu antigo altar-mor: o altar do SENHOR DO BONFIM- e carecer também de uma otimização da via de acesso, de segurança, de uma adequada arborização e sua ocupação sadia, através de eventos religiosos e civis...Mas... “Não julgo segundo os critérios do homem: o homem vê as aparências, mas o Senhor olha o coração” ( 1Sm 16, 7). As lentes das câmeras registraram o que se vê; o olhar de Deus sondou  os corações dos homens e enxergou o real motivo de cada um ali estar naquela manhã.

          Enfim, resta agora aos itaunenses – com a Capela do Rosário restaurada, com a Matriz de Sant’ana restaurada (leia-se e agradeça-se à Arquê Construtora) e com a Capela do Bonfim reconstruída, passar à restauração de nossa gente. A restauração da alma itaunense. Que se restaure a luz dos corações para que nos unamos na reconstrução de nossa própria cidade. Deixemos de lado as cegueiras das vaidades políticas pessoais que nada constroem; vamos abrir os olhos do espírito e caminhar para as águas repousantes da Justiça Social e do Bem Comum.

         E assim, Felicidade e todo bem hão de seguir-nos por toda a nossa vida.
      
  
* Colaborador para o Blog Itaúna Décadas.

Fotografias:
Adilson Nogueira
Luiz Mascarenhas

Organização:
Charles Aquino


Nota: O autor é responsável pelos trabalhos aqui publicados, o qual, também ficará responsável pelas suas correções.


domingo, março 26, 2017

PROGRESSO E MUTILAÇÃO DO BONFIM

O PROGRESSO E A MUTILAÇÃO DO MORRO DO BONFIM

Osório Martins Fagundes
No nosso tempo de menino, havia pegado à parede da direita do pequeno templo, um tablado de madeira, de uns dois metros de altura aproximadamente, tendo na sua retaguarda uma escada com degraus de tábuas, que dava acesso à parte superior daquele palanque. Sobre este, em determinada posição fora colocado em peças apropriadas de madeira, o pequeno sino da Capela Senhor do Bonfim, que badalara ali durante algumas décadas pelas festas de Santa Cruz. Mas no decorrer dos anos, corroído pelas intempéries, aquele tablado tornou-se perigoso, sujeito a provocar a queda de alguém; foi, pois, arrancado em certa época que se fazia a reforma da igrejinha. Esta continua lá, no seu estado primitivo, porém sem o palanque e o pequeno sino. Também o velho cruzeiro de madeira foi substituído há poucos anos, — quando da administração interina do Dr. Willian Leão, na Prefeitura — por um belo cruzeiro de cimento armado, que se ilumina à noite, através de força da Cemig.
Na década de vinte, — para citar o nosso tempo — e posteriormente também, todo ano, no dia 3 de maio, grande parte do povo da cidade subia a pé até o alto da serra, desobrigando-se de um dever cristão, rezando ao pé da Santa cruz e na Capela Senhor do Bonfim. Naquela época, atravessa-se o Rio São João sobre a ponte de madeira e seguia-se estrada afora até o sopé da serra. Ali, a gente deixava a estrada boiadeira e ganhava uma vereda íngreme e sinuosa, para subir a serra até junto ao cruzeiro e a capela. Era uma subida longa e cansativa. Mais ou menos no meio da jornada, havia um muro seco, de pedras superpostas, que atravessava a montanha em sentido horizontal, para divisão de pastos da fazenda do Retiro. No decorrer do tempo, no local onde as pessoas tinham que pular o muro, as pedras foram caindo e rolando pelas escarpas, tornando aquele setor uma passagem permanente para o povo, a caminho da igrejinha.
Olhada de seu cume, a Serra do Bonfim é muito bonita pela sua configuração arredondada no alto, em cujo platô, quase plano, acham-se edificados o cruzeiro e a capela. Na retaguarda desta, ou seja, o lado norte da serra, a sua descida não é muito longa, porque está ligada logo abaixo a uma cadeia de pequenas montanhas. Para o oeste, ou seja, para as bandas do pequeno córrego Lava-pés, que fica lá em baixo, no vale, é um verdadeiro penhasco de grande profundidade! Para o leste, lado do futuro "campus" da Universidade, a sua conformação é bastante íngreme e extensa. E para o sul ou o lado que dá para a cidade, já é do nosso conhecimento a sua extensão e declividade.
Do lado direito da vereda, para quem sobe, e quase chegando ao cume da montanha, há um grande esbarrancado — ou terra quebrada — produzido pelas enxurradas das águas pluviais. Ele descamba do novo trevo da rodovia que faz ligação com a estrada de Pará de Minas. Desde a época em que a gente era menino, já existia ali aquela forte erosão no terreno, a partir do alto, até a fralda da serra, atingindo em baixo a estrada que seguia em direção ao Calambau e alhures. Ainda agora, com a ligação da rodovia Itaúna – Pará de Minas, num corte do terreno, pouco acima da usina de asfalto, a gente avista o finalzinho daquela erosão da serra. O esbarrancado acima descrito começa precisamente na vala (valado) que existia ali na divisa entre duas propriedades agrícolas: a fazenda do Retiro, que pertencia ao Sr. Astolfo Dornas e o sítio do Nhô da Joanica, hoje pertencente à Universidade de Itaúna.
Lá do alto da serra, descortina-se uma vista maravilhosa em todas as direções quando vales e serras se intercalam em dezenas de quilômetros horizonte afora! ... E nos vales distantes, a gente avista as silhuetas de diversos lugarejos que cintilam ora ali, ora acolá. É uma visão simplesmente deslumbrante, que nos oferece aquele quadro pintado por Deus! ...
Chegada à noite no dia 3 de maio, da cidade a gente avistava o fogo baixo que se alastrava em formato de eito, pelas bacias e escarpas da serra, sinal evidente de que alguém atirara um fósforo aceso ao capim, ás margem da trilha. Este fato parecia ser do gosto de certas pessoas que subiam a serra do Bonfim, no dia de Santa Cruz, porque as queimadas se repetiam todos os anos!
Até alguns anos atrás, após a festa da Santa Cruz, a Serra do Bonfim voltava a sua tranquilidade de sempre, recebendo na época de estiagem os raios solares desde o amanhecer, até que o astro-rei se escondesse no poente, e no inverno, a chuva mansa ou forte caindo do céu, dando às árvores, os arbustos, a pastagem e toda aquela vegetação, cujas raízes se infiltravam nas suas entranhas.
Mas a partir de três anos, mais ou menos, o PROGRESSO, sob a bandeira desfraldada pela Telecomunicações de Minas Gerais S/A com a "sigla" Telemig, começou a perturbar a tranquilidade da Serra do Bonfim. Primeiramente, através do estado, desapropriando uma faixa de terreno serra acima, para que fosse construída ali uma estrada de automóvel até o cume da montanha. Esta via de acesso destina-se ao transporte de pessoas e material de construção, para as obras que deveriam ser edificadas naquele local pela Telemig, com amplo programa de melhoramento nas comunicações com outras cidades do País pelo sistema de discagem direta à distância (DDD) o que viria realmente beneficiar muito à comunidade itaunense.
Elaborado que foi o projeto para esse empreendimento, a direção da Telemig pôs em ação as suas máquinas. A partir da rodovia MG 050, ex- MG 07, os tratores com as suas lâminas gigantescas, começaram a penetrar nas entranhas da serra, arrebentando pedras, arrancando árvores, cortando barrancos e seguindo o traçado da engenharia com curvas à direita e à esquerda, procurando contornar a subida da serra até o seu cume.
Durante meses, os motores daquelas possantes máquinas fizeram-se ouvir de longe suas arrancadas morro acima; com as suas lâminas abrangentes, iam revirando a terra, aplainando, abaulando a curta estradinha do Bonfim. E de nada valeram os protestos silenciosos da serra, contra a penetração da máquina avassaladora nas suas entranhas! A terra que ia sendo revolvida, rolando na frente da lâmina do trator, era como se fosse o sangue de suas veias!
Dentro de algum tempo estava pronta aquela estradinha de acesso ao alto da serra. Mas aquilo era apenas o começo da MUTILAÇÃO da montanha, porque havia ainda outros planos, para sangrar fundo a sua natureza! Realmente, na retaguarda da Capela, questão de uns dez metros de distância, a máquina dirigida pelo homem, começara a penetrar de novo nas suas entranhas, cortando barrancos e espalhando a terra aqui e ali, a fim de transformar aquele local numa pequena praça, o que foi realizado no decorrer de alguns meses.  O corte para o lado da capelinha ficou mais de três metros de altura. Aquele setor da serra ficou plano como se fora um campo de futebol. Ali construíram a casa de máquinas e diversas outras aparelhagens, para os fins a que se propunha a Telemig. E aquela plataforma da retaguarda da igrejinha desvirtuou a configuração primitiva da serra, porque ela deixou de ser o que fora antes. Também ali, ela protestou em silêncio contra sangria que fizeram no seu corpo físico! É que a natureza tem alma também! Era a máquina, através do homem, DESFIGURANDO as coisas da natureza, procurando transformar a montanha em planície! ...

Fonte/Texto:
FAGUNDES, Osório Martins. Fragmentos de Um Passado – Memórias, Narrativas, Homenagens, Crônicas, e Cartas, 1977, p. 626,627,628. 

Pesquisa: Charles Aquino / 7º Período História / UEMG

quarta-feira, março 22, 2017

JADIR MARINHO


Jadir Marinho de Faria nasceu na fazenda “Pasto da Palha”, em Itaúna, em 15 de fevereiro de 1920, filho de Francisco Marinho de Faria. Teve um irmão gêmeo, Jair Marinho de Faria. Seus avós paternos foram Marinho Olímpio de Faria e Ana Isméria de Oliveira, sendo curioso, assinalar-se que o prenome do avô, Marinho, se tornou o sobrenome da tradicional família itaunense. Seus avós maternos foram Antônio José dos Santos (Antônio do Bá, precursor da odontologia no município) e Maria Joaquina dos Santos.
Jadir Marinho de Faria iniciou o curso primário em uma escola rural, perto da fazenda Calambau e terminou no grupo escolar “Dr. Augusto Gonçalves”. Trabalhou desde a mais tenra idade, até completar 21 anos, nas fazendas “Curtume” e “Calambau”, de propriedades de seus pais.
Este Marinho era a figura clássica do self-made-man que, mercê de sua inata inteligência e dedicação ao trabalho, abriu espaços no universo da vida itaunense, e as principais variáveis de sua intensa ação fora as atividades empresarial e política.
Transferiu-se em meados de 1941, para Divinópolis, onde fundou o Curtume Irmãos Marinho, permanecendo ali até 1944, quando retornou a Itaúna e comprou, junto com Jair Marinho, a tradicional Casa Guarany, passando a transacionar com tecidos e armarinhos. Colaborou, em 1945, para a criação da Fundição Marinho, na qual trabalhou até 1948. Fundou em 1949, o Curtume Santa Isabel S/A, sua mais importante e ousada iniciativa empresarial, que chegou a proporcionar empregos e se transformou na terceira produtora de manufaturados e artefatos de couro de Minas Gerais.
A ação política sempre o seduziu. Elegeu-se vereador, pela primeira vez, em 1954, com 128 votos, para o mandato 1955/1959, quando foi Prefeito Milton de Oliveira Penido. Foi então vice-presidente da Câmara, em 1956, 1957 e 1958. Reelegeu-se vereador em 1958, agora com 204 votos, para o mandato 1959/1963, na administração do Prefeito Célio Soares de Oliveira.
Em 7 de outubro de 1962, Jadir Marinho elegeu-se vice-prefeito, evidenciando o forte apoio popular que já detinha. Ocupou este posto no segundo mandato do Prefeito Milton de Oliveira Penido, de 1º de fevereiro de 1963 a 31 de janeiro de 1967, sendo seu leal e eficiente colaborador.
Em 15 de novembro de 1970 obteve a expressiva votação de 6.337 sufrágios e elegeu-se Prefeito de Itaúna, derrotando outro digno itaunense, Walter Marques da Silva, que recebeu 4.058 votos. Seu vice-prefeito foi Antônio Peres Guerra. Dedicou, como Prefeito, particular atenção ao ensino, construindo dois grupos escolares, o “Dr. Lincoln Nogueira Machado”, no bairro de Lourdes e o “Dona Maria Augusta de Faria”, no bairro Piedade, além de três escolas na área rural.
A infraestrutura da Escola Polivalente foi realizada em sua administração e ele contribuiu também para a que a Escola de Fundição “Marcelino Corradi”, única no gênero na América do Sul, viesse para Itaúna. Colaborou ainda com a Universidade de Itaúna, doando terrenos para a ampliação do prédio da Policlínica da Faculdade de Odontologia e para o Centro de Educação Física e Desportos. Foi, ainda, no início de seu mandato, que se instalou em Itaúna o MOBRAL, sendo que a prefeitura contratou o transporte para os professores da área rural. Era a continuidade da erradicação do analfabetismo no Município.
Realizou-se, ainda em sua gestão, o levantamento topográfico da bacia do Rio São João, estudos estes necessários para a elaboração de projetos de drenagem e retificação do rio, obras então tão necessárias, até os dias atuais. Revelava-se aí, já sua preocupação com o meio ambiente.
Outra grande obra de Jadir marinho de Faria foram as desapropriações de terrenos e consequentemente abertura da Av. Jove Soares, hoje o novo centro comercial de Itaúna e uma das principais artérias do trânsito de veículos no centro da cidade. A abertura da Jove Soares também foi um grande passo para o saneamento básico de Itaúna, hoje um dos melhores do País. Sua administração, enfim, muito embora curta, de apenas dois anos, foi profícua, generosa e digna.
Ele se casou em 1949 com Aída Moreira de Faria e o casal gerou seis filhos, que horam seu nome: Gilson Moreira de Faria, dinâmico industrial, Iwens Moreira de Faria, médico, Linconln Moreira de Faria, médico e Delegado do Conselho Regional de Medicina, Silmar Moreira de Faria, comerciante, Vereador e ex-Presidente da Câmara Municipal de Itaúna, Olber Moreira de Faria, médico e Provedor da Casa de Caridade Manoel Gonçalves de Souza Moreira e Neider Moreira de Faria, médico, ex-Vereador, ex- Presidente do PSDB e Deputado Estadual eleito pelo PPS.
Jadir Marinho de Faria, como empresário dinâmico e progressista, no ano de 1978 enfrentou, como dirigente principal do Curtume Santa Isabel S/A, por ele criado, sérias dificuldades financeiras, tendo-se em vista a instabilidade econômica existente no País. Enfrentou a crise com dignidade, mas isto contribuiu para o seu prematuro falecimento, em 19 de outubro de 1980, com 60 anos de idade. Porém, todos os compromissos financeiros assumidos foram por eles pagos com escrupulosa honradez.
Jadir Marinho de Faria, dedicado ao lar, foi chefe de família exemplar e, como político e empresário, contribuiu, valiosamente, para o desenvolvimento municipal, como se demonstrou neste esboço de sua histórica personalidade.  



Referências:
Cidade de Itaúna - Edição III / Personalidades de Itaúna, Vile Ed, 2003., p.21.
Redação: Guaracy de Castro Nogueira / Geovane Vilela
Coordenação Editorial e de Pesquisa: Conceição Lopes
Revisão: Guaracy , Professor Miranda e Geovane Vilela
Acervo Fotografia : Revista Cidade de Itaúna
Organização para o Blog: Charles Aquino

quarta-feira, março 15, 2017

ESCOLA LIVRE ENGENHARIA


Itaunense na Escola Livre de Engenharia de Belo Horizonte 

Em 21 de maio de 1911, o prédio da Sociedade de Agricultura foi palco de um importantíssimo encontro que definiria os rumos da formação acadêmica de engenheiros em Minas Gerais e no Brasil.
O advogado José Gonçalves de Souza, secretário da Agricultura do Estado, presidiu a reunião com a finalidade de fundar a Escola de Engenharia. Além do presidente, a reunião teve outros 14 profissionais em sua maioria engenheiros formados na afamada Escola de Minas de Ouro Preto e que ocupavam importantes posições em serviços técnicos. Nessa reunião foi fundada a Escola Livre de Engenharia de Belo Horizonte, tendo como o primeiro diretor, um itaunense, dr. José Gonçalves de Souza.


    Dr. José Gonçalves de Souza

 "O dr. José Gonçalves de Souza, secretário da Agricultura do estado de Minas Gerais, nasceu em Santana de S. João Acima, hoje Vila Itaúna, em 4 de setembro de 1863, e é filho do falecido coronel José Gonçalves de Souza Moreira e de d. Delfina Gonçalo de Souza Moreira. Entrou na carreira comercial; mas, três anos depois, resolveu estudar advocacia. Com este intuito, entrou para o colégio do Caraça; matriculou-se na Faculdade de Direito de S. Paulo em 1882, formou-se quatro anos mais tarde. Voltando ao seu estado natal, foi residir na cidade do Pará.
Depois de ocupar vários cargos públicos, foi eleito juiz e inspetor dos estabelecimentos de Educação, no distrito de Entre Rios, cargo que  exerceu durante 9 meses. Resignando este posto, foi nomeado juiz municipal de Pitangui. Durante a reorganização do Poder Judiciário, foi feito consultor jurídico do município de Pitangui, nos limites de Abaeté e Dores do Indaiá. Aceitou depois a presidência e o cargo de diretor na Companhia de Tecidos Industrial Pitanguiense, cargos que exerceu durante 6 anos. É ainda presidente desta companhia e também diretor-gerente da Companhia de Tecidos Sant'Annense de Itaúna.
Em 1898, foi o dr. José Gonçalves de Souza eleito membro do Congresso mineiro e presidente da Câmara Municipal de Pitangui, cargo que desde então conservou sempre. Em 1902, foi eleito para o Senado, onde tem pronunciado importantes discursos políticos, como já houvera feito em Pitangui.
Foi em 1902 que fundou a União dos Manufatores Têxteis, no gênero das associações comerciais de diversas cidades do Brasil. Entrou para a diretoria da União, tendo como associados o coronel Americo Teixeira e o sr. Caetano Mascarenhas. O dr. José Gonçalves de Souza é uma das mais proeminentes figuras do seu estado; orador brilhante, impõe-se também como autoridade em finanças e economia política."


Pesquisa: Charles Aquino
Referência e Texto:
Escola de Engenharia UFMG: https://www.eng.ufmg.br/portal/aescola/historico/
Novo Milênio: http://www.novomilenio.inf.br/santos/h0300g40a.htm

sexta-feira, março 03, 2017

AVIÃO ITAÚNA 1940

(clicar na imagem )
1940

Primeiros Modelos com motor de explosão construídos em Itaúna. O primeiro modelo, o comprimento das asas são de 90 centímetros  e o segundo possui 2 metros de envergadura.
Modelos fabricados em uma pequena oficina situada na praça da matriz de Itaúna, ao lado da casa paroquial na década de 40.

Projeto organizado por João de Cerqueira Lima Jr.

Fotografias: Antônio Lino e Afonso Lima