COSME
CAETANO DA SILVA
MEIO
SÉCULO DE VERSATILIDADE NO RÁDIO
"Considerado um artista nato, com atuação em
diversos segmentos da arte dedicou mais de 50 anos ao rádio"
Extremamente
versátil, inteligente, criativo e com uma veia artística muito forte, o
jornalista, advogado, radialista, dramaturgo instrumentalista e compositor.
Cosme Caetano da Silva deixou um considerável legado, sobretudo no rádio, onde
atuou mais de 50 anos. Ele iniciou sua carreira, neste veículo de comunicação,
como músico da Rádio Clube de Itaúna tão logo foi inaugurada em 1950, passando
em seguida por diversas funções na emissora e, nos últimos anos, apresentou o
programa de variedades "Shôsme Silva Show" até a sua
morte em 21 de agosto de 2003.
Cosme
Silva nasceu em 24 de fevereiro de 1928 em São Gonçalo do Pará MG e aos 75 anos
era um exemplo de entusiasmo e dedicação ao rádio. E tinha muita história para
contar. Aliás, contar histórias era com ele mesmo, o que fazia com competência
e propriedade ao escrever inúmeras peças teatrais, a exemplo de sua obra prima
" E Ela não Voltou”, encenada pela primeira vez em Itaúna em 1964.
Essas
habilidades de escritor também foram empregadas na criação de radionovelas, as
quais, além de escrever, apresentava, narrando, interpretando e criando todos
os sons necessários para compor a trama, a partir do seu aprendizado na Rádio
Nacional do Rio, onde estagiou.
A
Rádio Clube de Itaúna foi a primeira emissora do interior a produzir novelas
radiofônicas em capítulos, fazendo grande sucesso em toda a região Centro Oeste
de Minas.
Consta
do anedotário do rádio que durante a transmissão - era tudo ao vivo _ de um
capítulo de suas novelas, um dos personagens morreria vítima de um tiro, mas na
hora prevista, a espoleta falou. O ator, contudo, não se atrapalhou e teve a
iniciativa de começar a gritar: "Você não merece um tiro. Você vai morrer é
na faca".
MÚSICA
- Um instrumentista por excelência tocava piano, violão, cavaquinho, gaita,
acordeom e escaleta, destacando-se, ainda, como compositor. Cosme Silva chegou
a liderar dois conjuntos musicais: "Ases do Samba e "Garotas
Tropicais" , mas abandonou sua atuação musical em decorrência das
atividades que desempenhava no rádio, passando a acumular somente a função de
promotor de shows, levando renomados artistas nacionais e internacionais à
Itaúna, como : Nelson Gonçalves, Gauby Peixoto , Oscarito e Baden Powel .
Ele também produziu inúmeros programas de
auditório, revistas musicais, repostagens e transmissões de jornadas
esportivas, sendo pioneiro nas transmissões do interior - a primeira foi
ralizadade Uberaba pra Itaúna e foram gastas oito horas na construção da linha
telefônica entre o estádio nacional e a central telefônica local.
Sem jamais
abandonar a Rádio Clube de Itaúna, Cosme Silva participou da fundação da Rádio
Santa Cruz de Pará de Minas - atualmente pertencente à Diocese de Divinópolis -
e foi um dos sócio -fundadores da Rádio Tropical de Lagoa da Prata. Seu nome
também está ligado à Associação Mineira de Rádio e Televisão — AMIRT, já que
ele assinou a ata de criação da entidade, como representante da Rádio Clube de Itaúna.
Suas múltiplas atividades não o impediram,
contudo, de ter uma expressiva atuação social - isto muito antes do conceito de
responsabilidade social e de voluntariado estar na moda.
Ele
participou de conselhos consultivos, como membro atuante, de entidades
diversas, desde hospitalares até clubes recreativos de operários, passando por
unidades escolares, irmãos vicentinos e clubes de serviços como Rotary e Lions.
Chegou a ser diretor do Orfanato de Itaúna e, ainda, arrumou um tempinho pra se
enveredar pela política, sendo chefe de gabinete do prefeito Milton Penido e ,
posteriormente, vereador por dois mandatos
: 1970 a 1972 e de 1972 a 1976.
HOMENAGENS
- Pelos inúmeros projetos que
desenvolveu, seja na área artística ou nos meios radiofônicos e empresariais,
Cosme foi contemplado com medalhas, troféus e títulos. Dentre eles, o de
Cidadão Honorário de Itaúna, em 1974; medalha de Ouro, concedida pela
Associação dos Cronistas radiofônicos de Minas Gerais, em 1963; Troféu Força
Nova, pelo jornal Diário de Minas, em 1969; Troféu Gutemberg, recebido em Araxá,
em 1974; Operário Padrão de Itaúna, em 1978; e Troféu Bandeirantes, concedido
pelo Programa Jota Silvestre, da Tv Bandeirantes de São Paulo, em 1983.
Também
foi agraciado com diversos troféus de contos e poesias. Sua produção deu se, na maioria das vezes,
como autodidata, já que só aos 40 anos ele pôde concluir o Madureza Supletivo,
atualmente -e em seguida passar no vestibular para o Curso de Direito da
Universidade de Itaúna em nono lugar, data a sua inteligência acima da média.
Casado
com Dª Noêmia Maria Caetano, com quem teve dois filhos: Giovanni Vinícius e
Cristine Guadalupe, Cosme Silva foi e continua sendo um exemplo para todos
aqueles que conviveram com ele, aqueles que puderam acompanhar a sua trajetória
ou que possam vir a tomar conhecimento da sua história.
Referência:
Texto:
Guaracy de Castro Nogueira
Apoio:
Instituto Cultural Maria de Castro Nogueira - ICMC
Organização
e pesquisa: Charles Aquino
Acervo: Prof. Giovanni Vinícius