Serafim Moreira & Gilbertina Santos Moreira
FAMÍLIA TRADICIONAL
Serafim Moreira & Gilbertina Santos Moreira
A tradição das festas dedicadas a
São Sebastião na Paróquia de Sant'Ana, que remonta às décadas de 50 a 70, destacava-se como um evento aguardado ansiosamente pelos fiéis. Sob a
liderança do Pe. José Netto, a comunidade se mobilizava para as celebrações,
marcadas por uma programação rica e emocionante. A novena prévia à festa,
realizada durante oito dias, era um momento de profunda devoção, com a igreja
repleta de fiéis, embalados pela atmosfera solene das cerimônias em latim.
O encanto se estendia para além
das celebrações religiosas, com as barraquinhas montadas ao redor da igreja,
oferecendo prendas e brindes. O leilão de gado, uma tradição local, ocorria em
um curral improvisado, enquanto os animavam o evento, dando vida à tradição e à
alegria da comunidade. No dia da festa, uma procissão solene e uma missa
encerravam as comemorações, deixando uma marca indelével na memória dos fiéis.
No entanto, ao longo do tempo,
essas festividades foram gradualmente desaparecendo, relegadas as mudanças cotidianas.
Sucessores do Pe. José Netto não deram continuidade à tradição, e a festa
deixou de ser realizada no centro da cidade, sendo mantida apenas em outras
paróquias ou em locais distantes. O lamento dos mais antigos ecoa, relembrando
a importância cultural e religiosa que essas celebrações tinham para a
comunidade de Sant'Ana. A história de São Sebastião, martirizado por sua fé no
século III, perdeu um elo com a vida contemporânea da paróquia, refletindo um
apagamento gradual da memória coletiva das tradições religiosas locais.
O professor Juarez nos traz
informações valiosas de sua própria experiência nesse período.
Charles Aquino
O telegrama agradece ao presidente pela liberação de verbas destinadas às obras da Usina de Cajuru, localizada no município de Carmo do Cajuru, Minas Gerais.
Essa usina possivelmente desempenhava um papel importante no desenvolvimento
regional, provavelmente relacionada à geração de energia ou a outro tipo de
infraestrutura, algo de grande impacto para o estado de Minas Gerais naquela
época.
A mensagem
demonstra uma relação próxima e colaborativa entre o governo federal e o
governo estadual, evidenciando o interesse de Juscelino Kubitschek em promover
o desenvolvimento econômico de Minas Gerais. O tom de agradecimento reflete a
relevância dessas obras para o estado e, especialmente, para a região de Carmo
do Cajuru.
Esse tipo de
correspondência mostra como decisões estratégicas de infraestrutura passavam
pelo crivo federal, além de ilustrar o prestígio e a capacidade de articulação
de Juscelino Kubitschek, que, mais tarde, se tornaria presidente do Brasil. A
Usina de Cajuru, mencionada no telegrama, possivelmente tinha um papel
fundamental no abastecimento energético ou no desenvolvimento industrial da
região, contribuindo para o progresso econômico de Minas Gerais.
Esse documento é
um exemplo do processo de desenvolvimento regional no Brasil, onde estados
dependiam da liberação de recursos federais para a realização de grandes obras
de infraestrutura, e os governadores mantinham um diálogo constante com o
presidente da República para garantir esses investimentos.
Prezado Piu
Minha posição neste caso de emancipação de
Santanense é de neutralidade. Não tomo partido, por vários motivos. Tenho
recebido da população deste progressista bairro a mais calorosa manifestação de
simpatia. Conheço os seus problemas de esternos sacrificados e se tivéssemos ganhado
as eleições, este ideal de emancipação teria sido esquecido, tenho certeza
disto. Para Itaúna será um desastre a emancipação. Como vê, qualquer posição
que tiver é antipática e impatriótica. Não quero dividir, desejo é somar.
Marcelo Dornas de lima
NOTA
DA REDAÇÃO:
Lastimamos
a posição do Dr. Marcelo. Ela devia ser intransigentemente a favor de Itaúna.
Jamais itaunense algum, digno do nome, pode ser contra a cidade. Se fizermos um
plebiscito dentro do bairro de Santanense, veremos que o seu povo não quer
deixar de ser itaunense. É preciso não se esquecer que Itaúna nasceu ali. O que
está acontecendo é que uma meia dúzia de pobres de espíritos, habilmente
atiçados por um político estranho e rival esta trabalhando contra Itaúna... E o
Dr. Marcelo poderá vir a ser Prefeito da cidade inteira ao invés de apenas
parte dela. Lute conosco, Marcelo, por uma Itaúna melhor e sem mutilações.
Referência:
Pesquisa e organização: Charles
Aquino
Acervo: Instituto
Cultural Maria de Castro Nogueira
Fonte Impressa: Jornal (Folha do Oeste, Sábado 25 maio 1963, nº 442, p.1. Ano 20.
TEXTO: Sebastião Nogueira Gomide - PIU
Imagem ilustrativa
Este texto do
jornal Folha do Oeste, de 1955, relata a ocorrência de fenômenos misteriosos em
Itaúna, no bairro Nossa Senhora de Lourdes (antiga Vila Mozart), associando-os
à aparição da Virgem Maria. A notícia tem um tom de curiosidade e relato
factual, refletindo a postura dos jornalistas em descrever os acontecimentos
sem emitir um julgamento conclusivo.
O artigo foi
escrito em 1955, período em que o Brasil ainda era predominantemente católico e
fenômenos religiosos, como aparições marianas, geravam grande repercussão. A
religiosidade popular, especialmente em áreas mais afastadas ou interioranas,
exercia grande influência na vida social e comunitária.
O texto começa
mencionando que o bairro já era conhecido por eventos inusitados, como pedras
que caíam misteriosamente sem danificar janelas ou móveis. Essa introdução
prepara o leitor para um ambiente de mistério e sobrenatural, destacando o novo
fenômeno: a aparição da Virgem Maria, descrita como uma figura vestida de
branco com capa azul, um visual tipicamente associado à iconografia mariana.
O texto relata
que o fenômeno atraiu muitas pessoas, transformando o local em um ponto de
peregrinação, com romarias e orações. A menção de que até crianças afirmam ter
visto a figura da "mamãe do Céu" sugere que o fenômeno gerou um
impacto forte tanto entre adultos quanto entre os mais jovens, alimentando a
devoção local.
Os autores do
texto adotam uma postura de neutralidade, limitando-se a relatar os fatos sem
tomar partido ou desmerecer as experiências das pessoas. Eles citam Shakespeare
para enfatizar que há aspectos da realidade que escapam à compreensão humana.
Essa citação confere ao artigo um tom filosófico, sugerindo que nem tudo pode
ser explicado de forma racional.
O artigo termina
deixando a questão em aberto, mencionando que caberia ao vigário da paróquia e
às autoridades fornecerem uma posição definitiva sobre os eventos. Esse
desfecho reflete a falta de uma explicação oficial, ao mesmo tempo que mantém o
mistério e a curiosidade dos leitores.
O relato de
aparições e fenômenos religiosos tem um papel importante no imaginário popular
e no fortalecimento de comunidades religiosas. Em termos de análise educacional
e religiosa, textos como esse mostram como a religiosidade permeia o cotidiano
e como certos eventos podem reforçar práticas de fé e integrar socialmente
indivíduos em torno de crenças comuns. Além disso, a postura do jornal, ao não
desqualificar a experiência das pessoas, reflete o respeito pela
espiritualidade como uma dimensão significativa da vida comunitária.
Este tipo de
fenômeno, que envolve elementos de fé, misticismo e impacto social, pode ser
uma janela para compreender como o ensino religioso e a religião em si servem
como ferramentas de coesão social e emocional, além de moldarem a visão de
mundo de comunidades locais como a de Itaúna.