segunda-feira, janeiro 21, 2013

FAMÍLIA TRADICIONAL

Da esquerda para direita: Gilbertina e Antonio Marques Filho, Noemia e Marcelo Machado, Iná e Hersio Koscky Antunes, Benigna e Osmar Antunes, Atide e Paulo Emidio Moreira (único homem e o mais velho de 14 filhos), Serafim Moreira (o patriarca) e Gilbertina Santos Moreira (Da. Betina, a matriarca), Heliete e Olimpio Nogueira, Ma. Candida e Amadeu Porto Filho, Nancy e Elpidio Alves de Sousa, Climeny e Helenio Amaral. Solteiras e sentadas da esquerda para direita estão: Eleuza (Clelio Corradi), Dilcea (Naphitali Drummond), Zuleika (Reinaldo Del Persio), Vany (Milton Lage de Faria) e Onilda (Eustaquio Guimarães). Os pequenos já são netos. Deve ter sido tirada em 1956.


Serafim Moreira & Gilbertina Santos Moreira  
(Dª Betina)


Serafim Moreira Neto e Gilbertina Santos Moreira (Da. Betina) tiveram 14 filhos, o primeiro filho foi homem Paulo Emydio e os outros 13 filhos foram todas meninas que acabaram sendo conhecidas por "betinas". 

Recebi um e-mail com a foto de toda a família de Serafim e Dª Betina. Foi-me enviado pelo meu amigo Charles Aquino, que o recebeu de PAULA BRITO filho de Amadeu Porto Filho e de Maria Cândida Porto, (neta de Serafim e Betina). Perguntava-me se conhecia alguém na foto. Foi com grande satisfação que pude rever toda aquela família, pois conheci e conheço pessoalmente a todos.

Eram vizinhos de meus avós paternos. Embora não tenhamos parentesco algum, nossas famílias (Nogueira, Franco, Moreira e Porto), estão ligadas por laços de amizade e casamento.

Vejamos como eram estas ligações: há cerca de 8 anos, meu pai Sebastião Franco pediu-me para levá-lo até à fazenda de AMADEU PORTO, pai de PAULA, (na ocasião ele disse a meu pai que havia perdido um filho de acidente de carro), situada no lugar denominado Angu Seco, onde meu pai, quando mais jovem, frequentava assiduamente, quando a fazenda pertencia ao Sr. Aluísio Guimarães.

Lá chegando fomos recebidos por AMADEU e MARIA CÂNDIDA. Serviram-nos um café e meu pai quis dar uma volta pela casa para relembrar os tempos em que ele a frequentava. Uma semana depois, recebemos a notícia do falecimento de AMADEU. Foi um choque para meu pai, pois além da amizade, conhecia também todos os irmãos. Um tio de Paula, AZUREM VIEIRA PORTO, irmão de Amadeu, era um dos melhores amigos de meu pai e, com a esposa, foram padrinhos de Batismo de minha irmã caçula.

Agora a ligação da família PORTO com os FRANCO: outro irmão de Amadeu, ARY VIEIRA PORTO, foi casado com Maria Franco  Porto, irmã de meu pai Sebastião, conhecida como MARICOTA. Suas filhas, minhas primas, são também primas de Paula. Com relação ao PAULO EMÍDIO, eu o conheci pessoalmente e conversamos algumas vezes.

Um sobrinho de Serafim, filho de seu irmão Aristides, chamado RENATO, tem uma propriedade rural vizinha à que Paulo tinha e, às vezes nos encontrávamos lá. Paulo me chamava de Tião Franco (apelido de meu pai).

Este sobrinho de Serafim, RENATO MOREIRA, é o elo de ligação com família NOGUEIRA, pois foi casado com minha tia, irmã de minha mãe, ALICE NOGUEIRA a Miss Itaúna 1949 (no site conhecerão melhor esta minha tia, num artigo escrito por mim).

Gilbertina e Antônio Marques são muito conhecidos e queridos na sociedade itaunense e são um dos casais fundadores do Clube Tropical. O mesmo acontece com Noêmia e Marcelo. JOSÉ RENATO, filho deste casal, é casado com minha sobrinha SAIONARA e o pai, MARCELO, foi meu colega de trabalho por mais de 20 anos na extinta Cia.Industrial Itaunense. Conheço bem Hércio e Iná. Conheci bem Benigna e Osmar.

Com Heliete e Olympio (PINHO), minha esposa e eu tivemos fortes laços de amizade, pois, por várias vezes trabalhamos na Pastoral da Família da nossa Paróquia. Semanalmente, PINHO e eu, juntamente com outros companheiros, nos reuníamos no Grupo de Oração.

Conheço também Elpídio e Nanci.  Sobre Climeny (falecida precocemente) e Helenio, conheci apenas, sem nenhum vínculo de amizade. Com relação à Eleusa nossa convivência foi bem mais próxima. Minha esposa e eu cursávamos Pedagogia e a Eleusa era nossa colega de classe.

Tivemos uma convivência diária durante quatro anos. Infelizmente ela também partiu mais cedo. Sua filha Sephora trabalhou por algum tempo na mesma empresa que eu. A Dilcea, Vany e Onilda eu apenas as conheço. Finalmente com relação à Zuleika, eu a conheço desde a década de 60, quando ela e minha irmã Maria Angélica, trabalharam juntas na ex-Mobiliadora Popular, onde hoje é o Bradesco.

Era de propriedade um tio de Paula, o Azurem Vieira Porto. No final de tudo, a casa onde Serafim e Dª Betina moraram e criaram os filhos, ficou nas mãos do único homem da casa, PAULO EMIDIO.

Tendo falecido e também a esposa Atide, o filho ÁTILA e irmão herdaram tudo. Por algum tempo funcionou como Restaurante. Há cerca de um ano decidiram demolir e, pelas conversas que ouço, já começaram as obras para construção de uma Academia. 

Quando soube da demolição apressei-me em tirar uma foto, mas o trânsito naquele trecho atrapalhou e a foto não ficou muito boa. Isto é tudo que posso dizer sobre esta honrada respeitável família.




Texto: Juarez Nogueira Franco
Colaboração & Fotografia: Paula Brito
Organização: Charles Aquino

sexta-feira, janeiro 18, 2013

FESTA SÃO SEBASTIÃO

   A tradição das festas dedicadas a São Sebastião na Paróquia de Sant'Ana, que remonta às décadas de 50 a 70, destacava-se como um evento aguardado ansiosamente pelos fiéis. Sob a liderança do Pe. José Netto, a comunidade se mobilizava para as celebrações, marcadas por uma programação rica e emocionante. A novena prévia à festa, realizada durante oito dias, era um momento de profunda devoção, com a igreja repleta de fiéis, embalados pela atmosfera solene das cerimônias em latim.

   O encanto se estendia para além das celebrações religiosas, com as barraquinhas montadas ao redor da igreja, oferecendo prendas e brindes. O leilão de gado, uma tradição local, ocorria em um curral improvisado, enquanto os animavam o evento, dando vida à tradição e à alegria da comunidade. No dia da festa, uma procissão solene e uma missa encerravam as comemorações, deixando uma marca indelével na memória dos fiéis.

   No entanto, ao longo do tempo, essas festividades foram gradualmente desaparecendo, relegadas as mudanças cotidianas. Sucessores do Pe. José Netto não deram continuidade à tradição, e a festa deixou de ser realizada no centro da cidade, sendo mantida apenas em outras paróquias ou em locais distantes. O lamento dos mais antigos ecoa, relembrando a importância cultural e religiosa que essas celebrações tinham para a comunidade de Sant'Ana. A história de São Sebastião, martirizado por sua fé no século III, perdeu um elo com a vida contemporânea da paróquia, refletindo um apagamento gradual da memória coletiva das tradições religiosas locais.

O professor Juarez nos traz informações valiosas de sua própria experiência nesse período.

Charles Aquino

PARÓQUIA DE SANT'ANA
“Esquecida pelos sucessores de Pe. José Netto”

   Nas décadas de 50, 60 e parte de 70, quando se aproximava o mês de janeiro os fiéis ficavam ansiosos para que a Paróquia divulgasse a programação das festas dedicadas a São Sebastião. Embora não seja padroeiro de Itaúna, era uma das mais tradicionais festas católicas da Paróquia. O dia dedicado a São Sebastião é o dia 20 de janeiro. Se em determinado ano este dia caia num dia de trabalho (segunda a sábado), a festa era adiada para o primeiro domingo seguinte. Foi exatamente o que aconteceu em 1967, quando o dia 20 caiu numa sexta-feira e adiou-se, então, para o dia 22. (Guardo bem este ano porque considero o mais triste de toda a minha existência. Mamãe juntamente com minhas duas irmãs mais novas retornou para casa após a procissão e, chegando a casa, mamãe sentou-se na cama, caiu de costas e 2 horas depois estava morta, aos 47 anos incompletos).
   As festividades dedicadas s a São Sebastião consistiam do seguinte: alguns dias antes o Pe. José Netto nomeava uma Comissão que ele chamava de Festeiros. Cada pessoa tinha um determinado encargo: conseguir doações no comércio, obter prendas e brindas para serem leiloadas nas barraquinhas e gado, junto aos fazendeiros, para ser leiloado no dia da Festa. Durante oito dias antes do dia marcado para a comemoração, havia a Novena. Todos os dias a Igreja Matriz de SANT’ANA ficava cheia de fiéis. A celebração era iniciada às 19 horas, com a exposição de adoração ao Santíssimo Sacramento. Feitas as orações de praxe, em seguida o Coro Santa Cecília (vozes e instrumentos) cantava a Ladainha de Todos os Santos. Terminada a Ladainha, o Pe. José tomava o Santíssimo para a benção.
   Neste momento o Coro (falarei sobre o ele em outra ocasião) voltava a cantar o “Tantum Ergo” e o Pe. José dava a Benção do Santíssimo, com a Igreja impregnada pelo celestial perfume do incenso, criando um ambiente de profunda religiosidade e adoração. Por várias vezes vi pessoas chorando copiosamente de emoção. Ressalte-se que tudo era celebrado em Latim e os fiéis, mesmo não entendendo o que o Celebrante dizia, se emocionavam profundamente. Terminada a cerimônia, o povo saía e do lado de fora da Matriz estavam instaladas as barraquinhas, já com muita gente aguardando. Várias barraquinhas com as mesas cheias de prendas e presentes. Lembro-me bem de duas pessoas: Sr. Otávio de Brito, leiloeiro e que não media esforços para vender o máximo possível e o Marcelo de Faria Matos, o nosso Mineirinho, acompanhado de sua esposa Didi, com seu globinho de jogo chamado Taqui.
   Dentro do pequeno globo estavam as bolinhas correspondentes às letras do alfabeto da língua portuguesa. Vendiam-se as folhinhas dos talões, cada uma contendo uma combinação de cinco letras. Marcelo ia rodando e tirando as bolinhas do taqui e quem acertasse primeiro as cinco letras gritava “taqui” e ganhava um prêmio . Havia outros leiloeiros, mas infelizmente minha memória me trai, pois era ainda muito jovem, e não consigo me lembrar. A todos a nossa homenagem. Este ritual se repetia durante os oito dias seguintes. No dia programado para a celebração em honra a São Sebastião, sempre num domingo, havia missa normalmente pela manhã. Depois da missa, em um curral improvisado na Praça Dr. Augusto Gonçalves, acontecia o leilão do gado doado pelos fazendeiros. À noite, às 19 horas havia a procissão solene de encerramento, seguida da Missa também solene e as festividades eram encerradas com a benção do Santíssimo Sacramento.
   Na Paróquia de Nossa Senhora de Fátima, a festa continuou sendo realizada, especialmente quando o Pe. Luiz Turkenburg era o pároco. A diferença é que era sempre realizada numa das fazendas próximas de Itaúna. Criado o Bairro Morro do Engenho, São Sebastião foi escolhido como Padroeiro. A Igreja do Bairro, pertencente à Paróquia de Nossa Senhora de Lourdes, celebra todos os anos a Festa de seu Padroeiro. Meu pai, (Sebastião, pois minha avó Elvira era devota do Santo) falecido há cinco anos, com oitenta e sete de idade, sempre dizia: “foi uma pena terem acabado com a Festa de São Sebastião aqui no centro, pois eu a frequentava desde criança e mais tarde como adulto, participando da Banda de Música e do Coro (clarinetista) que tocava durante as cerimônias”.
   Qualquer paroquiano de Sant’Ana com mais de cinquenta anos de idade deverá se lembrar desta festa. Segundo Santo Ambrósio, Sebastião nasceu em meados do século III em Pretória, na Itália. De família nobre, alistou-se no Exército Romano, chegando ao posto de Capitão da Guarda Pretoriana do Imperador Diocleciano.  Convertido ao cristianismo, conseguiu converter também até Cromácio, governador de Roma e também seu filho Tibúrcio. Descoberto que era cristão, foi chamado diante do Imperador e ordenado que renegasse o cristianismo. Negando-se a tal atitude, foi condenado à morte pelo próprio Imperador.
São Sebastião é invocado contra pestes, fome e guerras — ROGAI POR NÓS.


Juarez Nogueira Franco

ACERVO: Gravura existente no espólio da Biblioteca Nacional de Lisboa que deu origem à pintura a óleo existente num altar lateral da igreja matriz de Aljezur.
TEXTOS: Professor Juarez Nogueira Franco, Charles Aquino
ORGANIZAÇÃO: Charles Aquino

terça-feira, janeiro 15, 2013

USINA CARMO CAJURU

Carmo do Cajuru  - MG

Este documento é um telegrama enviado por Juscelino Kubitschek, então governador de Minas Gerais, ao presidente Getúlio Vargas, datado de 26 de novembro de 1952. 

O telegrama agradece ao presidente pela liberação de verbas destinadas às obras da Usina de Cajuru, localizada no município de Carmo do Cajuru, Minas Gerais. 

Essa usina possivelmente desempenhava um papel importante no desenvolvimento regional, provavelmente relacionada à geração de energia ou a outro tipo de infraestrutura, algo de grande impacto para o estado de Minas Gerais naquela época.

A mensagem demonstra uma relação próxima e colaborativa entre o governo federal e o governo estadual, evidenciando o interesse de Juscelino Kubitschek em promover o desenvolvimento econômico de Minas Gerais. O tom de agradecimento reflete a relevância dessas obras para o estado e, especialmente, para a região de Carmo do Cajuru.

Esse tipo de correspondência mostra como decisões estratégicas de infraestrutura passavam pelo crivo federal, além de ilustrar o prestígio e a capacidade de articulação de Juscelino Kubitschek, que, mais tarde, se tornaria presidente do Brasil. A Usina de Cajuru, mencionada no telegrama, possivelmente tinha um papel fundamental no abastecimento energético ou no desenvolvimento industrial da região, contribuindo para o progresso econômico de Minas Gerais.

Esse documento é um exemplo do processo de desenvolvimento regional no Brasil, onde estados dependiam da liberação de recursos federais para a realização de grandes obras de infraestrutura, e os governadores mantinham um diálogo constante com o presidente da República para garantir esses investimentos.



Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC) é a Escola de Ciências Sociais e História da Fundação Getúlio Vargas
Endereço eletrônico   :    cpdoc.fgv.br/
Organização e pesquisa: Charles Aquino

segunda-feira, janeiro 07, 2013

EMANCIPAÇÃO SANTANENSE PARTE III

RECEBEMOS!!!

Prezado Piu

Minha posição neste caso de emancipação de Santanense é de neutralidade. Não tomo partido, por vários motivos. Tenho recebido da população deste progressista bairro a mais calorosa manifestação de simpatia. Conheço os seus problemas de esternos sacrificados e se tivéssemos ganhado as eleições, este ideal de emancipação teria sido esquecido, tenho certeza disto. Para Itaúna será um desastre a emancipação. Como vê, qualquer posição que tiver é antipática e impatriótica. Não quero dividir, desejo é somar.

                                                                                   Marcelo Dornas de lima 


NOTA DA REDAÇÃO:

Lastimamos a posição do Dr. Marcelo. Ela devia ser intransigentemente a favor de Itaúna. Jamais itaunense algum, digno do nome, pode ser contra a cidade. Se fizermos um plebiscito dentro do bairro de Santanense, veremos que o seu povo não quer deixar de ser itaunense. É preciso não se esquecer que Itaúna nasceu ali. O que está acontecendo é que uma meia dúzia de pobres de espíritos, habilmente atiçados por um político estranho e rival esta trabalhando contra Itaúna... E o Dr. Marcelo poderá vir a ser Prefeito da cidade inteira ao invés de apenas parte dela. Lute conosco, Marcelo, por uma Itaúna melhor e sem mutilações.


Referência:

Pesquisa e organização: Charles Aquino

Acervo: Instituto Cultural Maria de Castro Nogueira

Fonte Impressa: Jornal (Folha do Oeste, Sábado 25 maio 1963, nº 442, p.1. Ano 20.

TEXTO: Sebastião Nogueira Gomide - PIU 

Imagem ilustrativa

terça-feira, janeiro 01, 2013

GRUTA ITAÚNA 1955


Este texto do jornal Folha do Oeste, de 1955, relata a ocorrência de fenômenos misteriosos em Itaúna, no bairro Nossa Senhora de Lourdes (antiga Vila Mozart), associando-os à aparição da Virgem Maria. A notícia tem um tom de curiosidade e relato factual, refletindo a postura dos jornalistas em descrever os acontecimentos sem emitir um julgamento conclusivo.

O artigo foi escrito em 1955, período em que o Brasil ainda era predominantemente católico e fenômenos religiosos, como aparições marianas, geravam grande repercussão. A religiosidade popular, especialmente em áreas mais afastadas ou interioranas, exercia grande influência na vida social e comunitária.

O texto começa mencionando que o bairro já era conhecido por eventos inusitados, como pedras que caíam misteriosamente sem danificar janelas ou móveis. Essa introdução prepara o leitor para um ambiente de mistério e sobrenatural, destacando o novo fenômeno: a aparição da Virgem Maria, descrita como uma figura vestida de branco com capa azul, um visual tipicamente associado à iconografia mariana.

O texto relata que o fenômeno atraiu muitas pessoas, transformando o local em um ponto de peregrinação, com romarias e orações. A menção de que até crianças afirmam ter visto a figura da "mamãe do Céu" sugere que o fenômeno gerou um impacto forte tanto entre adultos quanto entre os mais jovens, alimentando a devoção local.

Os autores do texto adotam uma postura de neutralidade, limitando-se a relatar os fatos sem tomar partido ou desmerecer as experiências das pessoas. Eles citam Shakespeare para enfatizar que há aspectos da realidade que escapam à compreensão humana. Essa citação confere ao artigo um tom filosófico, sugerindo que nem tudo pode ser explicado de forma racional.

O artigo termina deixando a questão em aberto, mencionando que caberia ao vigário da paróquia e às autoridades fornecerem uma posição definitiva sobre os eventos. Esse desfecho reflete a falta de uma explicação oficial, ao mesmo tempo que mantém o mistério e a curiosidade dos leitores.

O relato de aparições e fenômenos religiosos tem um papel importante no imaginário popular e no fortalecimento de comunidades religiosas. Em termos de análise educacional e religiosa, textos como esse mostram como a religiosidade permeia o cotidiano e como certos eventos podem reforçar práticas de fé e integrar socialmente indivíduos em torno de crenças comuns. Além disso, a postura do jornal, ao não desqualificar a experiência das pessoas, reflete o respeito pela espiritualidade como uma dimensão significativa da vida comunitária.

Este tipo de fenômeno, que envolve elementos de fé, misticismo e impacto social, pode ser uma janela para compreender como o ensino religioso e a religião em si servem como ferramentas de coesão social e emocional, além de moldarem a visão de mundo de comunidades locais como a de Itaúna.


FOLHA DO OESTE

REGISTRADA SOB O Nº 403

SEBASTIÃO NOGUEIRA GOMIDE

Nº 154     ITAÚNA 27 DE JULHO DE 1955 ANO 12

EXTRANHOS FENÔMENOS NA VILA MOZART

ESTARÁ APARECENDO A VIRGEM MARIA?

  A Vila Mozart, ou bairro Nossa Senhora de Lourdes já é célebre em Itaúna pelos fenômenos estranhos ai ocorridos.
Há tempos, atiravam pedras nas vidraças, caia dentro das casas sem quebrar vidros, moveis etc. Até hoje, cessado o fenômeno, não se sabe quem atirava as pedras!
  Agora volta a baila outro fenômeno. Inúmeras pessoas, inclusive crianças, alegam estar vendo uma figura, vestida de branca, com cinta e capa azul. É, nem mais nem menos, a figura da Virgem Maria.
  Tivemos na grota, onde a figura aparece. Milhares de pessoas rezando e orando visitam o lugar numa romaria incessante.   Ao nosso lado uma mulher, presa de histerismo, sofreu um acesso dizendo estar vendo a Virgem Maria. Nós nada vimos. Mas, não nos cabe duvidar da fé dos outros. Há centenas de anos já dizia Shakespeare:
- “Há mais verdade entre o Céu e a terra do que pode conceber nossa vã consciência”.
Como jornalistas que somos limitamos a narrar os fatos. Temos uma lista parcial de umas garotas que dizem ter visto a Santa. Mas ultimamente este número foi grandemente aumentado. Uma garotinha de apenas 4 anos também dizia que “viu a mamãe do Céu”.
Enfim, é o quadro acima que assistimos. A romaria continua e o lugar está cheio de curiosos e crentes. Cabe ao Vigário da Paróquia e as nossas autoridades dar a última palavra sobre o assunto.





Restauração e Digitalização conforme original: Charles Aquino 
Fonte pesquisa: Instituto Cultural Maria de Castro Nogueira -  ICMC
Arquivo: Museu de Itaúna