No mês de junho de 1901, conforme
relata o historiador João Dornas Filho, a Comissão de Criação da Villa de
Itaúna convocou uma reunião de figuras influentes para escolher o nome do novo
município. Entre as sugestões apresentadas, destacam-se: BURGANNA, proposto
pelo padre Antônio Maximiano de Campos, em referência a um povoado de Ana;
BRASILINA, sugerido pelo Major Senocrit Nogueira; e ITAÚNA (PEDRA NEGRA),
preferido pelo deputado José Gonçalves e pelo senador padre João Pio.
A escolha do nome de um município
é um processo de significativa importância, pois não apenas representa a
identidade da comunidade, mas também reflete aspectos históricos e culturais.
Nesse caso, as sugestões apresentadas revelam diferentes perspectivas e
interesses. BURGANNA, por exemplo, reflete uma homenagem religiosa, enquanto
BRASILINA e ITAÚNA evocam uma conexão com a nacionalidade e a geografia local,
respectivamente.
O "Diário de Minas", em
sua edição de setembro de 1899, informa sobre dois plebiscitos realizados para
a escolha do nome do município, apresentando uma ampla gama de opções:
MINÓPOLIS, FLORESTA, JOANUENSE, PARANGUAPE, AROEIRAS, CASUARINAS, NOVA AMÉRICA,
SERROAZUL, IRARAS, PITANGUAPE, OURICURY, NOVA MINAS, AURIVERDE e BRASILINA.
Essas alternativas refletem a diversidade de influências e aspirações da
comunidade, desde homenagens à flora local (FLORESTA, AROEIRAS, CASUARINAS) até
referências mais gerais e patrióticas (NOVA AMÉRICA, AURIVERDE).
O vigário da freguesia, desejando
preservar a memória da Santa Padroeira, propôs BURGANNA ou BURGRACIA, mas
enfrentou resistência devido à desaprovação generalizada do "encaiporado
nome". A rejeição dessas sugestões pode ser vista como um reflexo das
tensões entre tradição religiosa e identidade comunitária emergente. A
insistência do vigário em manter uma lembrança religiosa esbarra no desejo da
comunidade por um nome que reflita uma identidade moderna e autônoma.
A escolha final do nome ITAÚNA
pode ser vista como um compromisso entre as diversas forças em jogo, unindo
elementos geográficos com uma sonoridade que parecia mais aceitável para a
população local. A preferência por um nome que simboliza "PEDRA NEGRA"
pode também ser interpretada como uma valorização das características naturais
e uma tentativa de criar uma identidade única e distinta para o município.
Em suma, o processo de escolha do
nome de Itaúna revela um microcosmo das dinâmicas sociais, culturais e
políticas da época. As diferentes propostas e a resistência a certos nomes
ilustram as complexas interações entre tradição, modernidade, identidade local
e influências externas. A decisão final de nomear o município como ITAÚNA
representa, portanto, não apenas uma escolha prática, mas uma declaração
simbólica da identidade e aspirações da comunidade local.
Referências:
Organização e Pesquisa: Charles
Aquino
FILHO, João Dornas. Itaúna:
Contribuição para a história do município, 1936, págs. 62,63
Periódico: Diário de Minas – 22/09/1899, nº 223, p. 2. Biblioteca Nacional Digital.