terça-feira, janeiro 25, 2022

NOMES PARA O MUNICÍPIO

No mês de junho de 1901, conforme relata o historiador João Dornas Filho, a Comissão de Criação da Villa de Itaúna convocou uma reunião de figuras influentes para escolher o nome do novo município. Entre as sugestões apresentadas, destacam-se: BURGANNA, proposto pelo padre Antônio Maximiano de Campos, em referência a um povoado de Ana; BRASILINA, sugerido pelo Major Senocrit Nogueira; e ITAÚNA (PEDRA NEGRA), preferido pelo deputado José Gonçalves e pelo senador padre João Pio.

A escolha do nome de um município é um processo de significativa importância, pois não apenas representa a identidade da comunidade, mas também reflete aspectos históricos e culturais. Nesse caso, as sugestões apresentadas revelam diferentes perspectivas e interesses. BURGANNA, por exemplo, reflete uma homenagem religiosa, enquanto BRASILINA e ITAÚNA evocam uma conexão com a nacionalidade e a geografia local, respectivamente.

O "Diário de Minas", em sua edição de setembro de 1899, informa sobre dois plebiscitos realizados para a escolha do nome do município, apresentando uma ampla gama de opções: MINÓPOLIS, FLORESTA, JOANUENSE, PARANGUAPE, AROEIRAS, CASUARINAS, NOVA AMÉRICA, SERROAZUL, IRARAS, PITANGUAPE, OURICURY, NOVA MINAS, AURIVERDE e BRASILINA. Essas alternativas refletem a diversidade de influências e aspirações da comunidade, desde homenagens à flora local (FLORESTA, AROEIRAS, CASUARINAS) até referências mais gerais e patrióticas (NOVA AMÉRICA, AURIVERDE).

O vigário da freguesia, desejando preservar a memória da Santa Padroeira, propôs BURGANNA ou BURGRACIA, mas enfrentou resistência devido à desaprovação generalizada do "encaiporado nome". A rejeição dessas sugestões pode ser vista como um reflexo das tensões entre tradição religiosa e identidade comunitária emergente. A insistência do vigário em manter uma lembrança religiosa esbarra no desejo da comunidade por um nome que reflita uma identidade moderna e autônoma.

A escolha final do nome ITAÚNA pode ser vista como um compromisso entre as diversas forças em jogo, unindo elementos geográficos com uma sonoridade que parecia mais aceitável para a população local. A preferência por um nome que simboliza "PEDRA NEGRA" pode também ser interpretada como uma valorização das características naturais e uma tentativa de criar uma identidade única e distinta para o município.

Em suma, o processo de escolha do nome de Itaúna revela um microcosmo das dinâmicas sociais, culturais e políticas da época. As diferentes propostas e a resistência a certos nomes ilustram as complexas interações entre tradição, modernidade, identidade local e influências externas. A decisão final de nomear o município como ITAÚNA representa, portanto, não apenas uma escolha prática, mas uma declaração simbólica da identidade e aspirações da comunidade local.


Referências:

Organização e Pesquisa: Charles Aquino

FILHO, João Dornas. Itaúna: Contribuição para a história do município, 1936, págs. 62,63

Periódico: Diário de Minas – 22/09/1899, nº 223, p. 2. Biblioteca Nacional Digital.