Explique-se: houve três formações
diferentes da dupla Alvarenga e Ranchinho, sendo que Alvarenga permaneceu em
todas. Esteve com Diesis entre 1933 e 1938 e, depois, entre 1939 e 1965; com
seu meio meio-irmão, Delamare, Alvarenga atuou esporadicamente na década de
1950. Homero foi seu parceiro mais longevo: atuaram juntos entre 1965 e 1978,
ano da morte de Alvarenga. Alvarenga chegou também a formar outra dupla,
Alvarenga e Bentinho, com o artista José Vosno Filho, compondo uma das
principais atrações do Casino da Urca, no Rio de Janeiro. Foi com Bentinho que
esteve no Recife em 1942.
Era costume do DOPS/PE fichar os
artistas em trânsito no momento em que chegavam à cidade para se apresentar em
alguma casa de espetáculos, teatro ou festividade. No caso de Alvarenga,
permanece a dúvida quanto ao ano de registro. A ficha de Alvarenga não possui
data do registro, mas sim a sua idade: 29 anos, quando se sabe que ele nasceu
em 1912. De fato, o registro pode ter ocorrido em 1941. Porém, é frequente
encontrar erros nas fichas da DOPS/PE. Neste caso, o mais provável é que o
registro tenha sido feito em 1942.
As duplas formadas por Alvarenga –
fosse com Ranchinho ou com Bentinho – eram consideradas, cada uma a seu tempo,
a mais popular do Brasil. Mas os chamados Milionários do Riso não gozavam de
unanimidade. Alguns intelectuais da época menosprezaram o seu estilo popular.
Exemplo destes foi o teatrólogo e jornalista pernambucano Valdemar de Oliveira,
que lamentava o popularesco no rádio, considerando as duplas caipiras Jararaca
e Ratinho e Alvarenga e Ranchinho artistas de péssimo gosto e sem
representatividade cultural.
Alvarenga e Ranchinho misturavam
apresentações musicais com toadas e modas de viola, além de paródias e sátiras
políticas que causaram problemas com a polícia em algumas ocasiões. A música
“Liga dos bichos” (1936), cuja letra relacionava os políticos a animais, causou
problemas com a censura, que viu na canção uma alusão a Osvaldo Aranha, um dos
principais ministros do presidente Getúlio Vargas. Levados à presença do
presidente, Getúlio, ao ouvir a canção, não viu problemas e liberou a dupla.
Referencias:
Texto & Acervo: O Obscuro Fichário dos Artistas Mundanos: Disponível
em: http://obscurofichario.com.br/fichario/murilo-alvarenga/
Acervo Batismo Murilo Alvarenga: Family Search – Batismos em Itaúna – 1901 a 1918 imagem 118. Disponível em: https://www.familysearch.org/ark:/61903/3:1:939N-DS9N-V1?i=117&wc=M5F8-6TT%3A370882003%2C369941902%2C370896201&cc=2177275
Vídeo do YouTube: Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=8WOTNBQoxO8
Acervo: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Alvarenga_e_Ranchinho,_1957.tif
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