quinta-feira, fevereiro 14, 2013

IGREJA BATISTA DE ITAÚNA



As origens da Egreja Baptista de Itaúna remontam a 1903, quando o Sr. João Antônio Soares, membro da igreja de Bello Horizonte, se transferiu para esta cidade, reunindo em torno de si os primeiros adeptos, que foram os fundadores da igreja local e cujos nomes são os seguintes:

Daniel F. Crosland                    
Messias Nogueira Soares
Joaquim Alves Pinheiro
Francisco Canuto da Silva
Archimedes Caire de Roure       
Theophilo Amâncio das Chagas 
Florentino Ferreira de Sousa
Carlos Alves Galdino                 
Antônio José Rodrigues             
Americo Lopes                          
Francisco Manoel de Abreu
João Evangelista dos Reis
Antônio Querino Soares            
Abel João da Cruz e Sousa
Castorina Ferreira de Abreu      
Maria do Carmo Moreira

Em 1913, a igreja já estava consolidada e realizava suas reuniões na residência de João Antônio Soares por falta de um templo dedicado. Porém, à medida que o número de seguidores crescia, um templo batista foi construído em 1915. João Antônio Soares generosamente cedeu o terreno para este templo, que fica na Rua da Alegria, hoje Melo Viana.
"Produto de grande esforço e fé profunda, esse templo representa para os batistas de Itaúna um atestado de alta significação espiritual e moral, pois é fácil de avaliar-se a dificuldade que venceram para lançar uma religião combatida por todos os meios num centro de baixo nível mental que era Itaúna daquele tempo" (FILHO, p.56-57).
Os obstáculos chegaram ao ponto em que o vigário da freguesia se recusou a autorizar o sepultamento de Américo Lopes Dias e João Antônio Soares no cemitério. A inflexibilidade do vigário provocou uma resposta hostil da população local, que considerou a decisão desumana e insuportável, fazendo com que os corpos permanecessem insepultos durante dias. Consequentemente, as autoridades permitiram que os sepultamentos ocorressem no terreno da igreja batista, sendo o sepultamento de Américo Lopes no jardim e o de João Antônio Soares seu repouso final no interior do templo. A Igreja Batista continuou ocupando um lugar especial no coração dos cidadãos de Itaúna, com um número significativo de seguidores e conquistas impressionantes.

TEMPLO 

Na escritura pública do cartório do 2º OFÍCIO do Tabelião José Edwards Santiago, às fls. 53 a 55 do LIVRO DE NOTAS Nº 32 (documento disponível no Cartório de Registro de Imóveis de Itaúna), consta a venda de uma casa coberta de telhas, sem divisão interna, construída no ano de 1912, situada à Rua Afonso Pena (hoje Rua Zezé Lima) em Itaúna MG. O primeiro proprietário do imóvel foi João Antônio Soares, que vendeu à Associação Evangélica Batista do Rio de Janeiro.

Em 08 de Outubro de 1943, representando a Associação, o missionário norte-americano, Rev. Otis Pendleton Maddox, batista e residente em Belo Horizonte, vendeu o imóvel para o senhor Augusto Alves de Souza, casado, maquinista, residente em Itaúna, pelo valor de Cr$ 9.500,00 (nove mil e quinhentos cruzeiros). Diante do exposto, o primeiro endereço do templo da Igreja Batista de Itaúna, foi à Rua da Alegria,  hoje rua Melo Viana, e o segundo, à Rua Afonso Pena, hoje Rua Zezé Lima, nº 77 (fotografia do templo acima).

ANÁLISE

A análise do texto sobre as origens da Igreja Batista de Itaúna revela vários aspectos importantes que podem ser destacados, divididos em contexto histórico, aspectos socioculturais, resistência enfrentada e a evolução da comunidade.
O texto começa ao situar a origem da Igreja Batista de Itaúna no início do século XX, especificamente em 1903, quando João Antônio Soares, um membro da igreja batista de Belo Horizonte, se muda para Itaúna. Sua chegada marca o início da congregação local, que começa a se formar em torno dele. A lista de nomes mencionados como fundadores reflete a diversidade dos primeiros membros, incluindo figuras notáveis como Daniel F. Crosland e Joaquim Alves Pinheiro. Este início ressalta a natureza missionária e o esforço coletivo para estabelecer uma nova igreja em um ambiente onde o protestantismo ainda era visto com desconfiança.
A narrativa enfatiza as dificuldades enfrentadas pela igreja em um contexto de "baixo nível mental", como descrito no texto, referindo-se à resistência cultural e religiosa presente na época. A frase "religião combatida por todos os meios" ilustra a hostilidade enfrentada pelos batistas, o que é evidenciado pelo episódio relacionado aos sepultamentos de Américo Lopes Dias e João Antônio Soares.
A recusa do vigário em permitir o enterro desses indivíduos no cemitério local reflete a forte oposição da Igreja Católica, então predominante, contra novas denominações religiosas.
Este confronto religioso culminou em uma resposta da comunidade local, que, apesar de inicialmente oposta, mostrou solidariedade diante da "decisão desumana e insuportável" do vigário. Essa solidariedade pode ser vista como um indicador da complexidade das relações sociais em Itaúna, onde, apesar das divisões religiosas, havia um senso de humanidade que prevaleceu sobre as doutrinas eclesiásticas.
O texto documenta a evolução da Igreja Batista em Itaúna, desde as primeiras reuniões na casa de João Antônio Soares até a construção de um templo próprio em 1915. A doação do terreno por Soares é um gesto significativo, simbolizando o compromisso e a generosidade dos primeiros membros da igreja. O templo na Rua da Alegria (hoje Melo Viana) não só representa um espaço físico de culto, mas também um marco de resistência e afirmação da identidade batista em Itaúna.

A transição do templo para um novo endereço na Rua Afonso Pena (atual Rua Zezé Lima) em 1943 marca outra fase de desenvolvimento. A venda do imóvel pelo missionário norte-americano Rev. Otis Pendleton Maddox para Augusto Alves de Souza é um detalhe importante, mostrando o envolvimento de figuras internacionais na história da igreja e a continuidade da comunidade batista ao longo das décadas. O texto sugere que o templo batista em Itaúna possui um profundo significado espiritual e moral para seus seguidores. Esse significado não é apenas religioso, mas também cultural, refletindo a perseverança de uma comunidade que enfrentou oposição e conseguiu se estabelecer e crescer. 
O fato de a igreja continuar a ocupar "um lugar especial no coração dos cidadãos de Itaúna" reforça a ideia de que a fé batista foi capaz de se enraizar profundamente na cidade, influenciando não apenas seus membros, mas também a sociedade em geral.
Por fim, o legado deixado pela Igreja Batista de Itaúna é destacado pela continuidade de suas conquistas e pelo número significativo de seguidores. A transformação do espaço físico da igreja, desde sua fundação até os dias atuais, simboliza a resistência e adaptação da comunidade batista às mudanças sociais e culturais, enquanto mantém suas raízes e valores.
O texto examinado é uma rica narrativa que documenta não apenas a história de uma igreja, mas também o desenvolvimento social e cultural de Itaúna no início do século XX. A trajetória da Igreja Batista de Itaúna é marcada por desafios e conquistas que refletem a dinâmica de um grupo religioso determinado a afirmar sua identidade e contribuir para o tecido social da cidade. 
Com o passar dos anos, prevaleceu a resiliência, determinação e, sobretudo, a fé dos membros da comunidade batista, permitindo que a laicidade e o equilíbrio neste município de Itaúna se estabelecessem. A análise minuciosa do texto permite compreender melhor o impacto da fé batista na cidade e o legado duradouro de seus primeiros membros.


REFERÊNCIAS:
FILHO, João Dornas. Itaúna Contribuição Para História do Município 1936 págs.  56 , 57.
Acervo: Sr. José Alves Nogueira. Residente à Rua Zezé Lima 77
Colaboradora: Heloísa Oliveira
Pesquisa e Elaboração: Charles Aquino/Juarez Nogueira
Cartório Registro de Imóveis de Itaúna
SOUZA, Miguel Augusto Gonçalves de. História de Itaúna. pág. 210  
Análise do texto: Charles Aquino