No ano de 1849, o arraial de Sant’Ana do Rio São João Acima, atual cidade de Itaúna, vivia um momento de consolidação religiosa e comunitária. A vida espiritual da pequena povoação girava em torno de sua igreja matriz e da figura dos padres que conduziam as celebrações e os sacramentos. Nesse contexto, destaca-se a figura do Reverendo Vigário Antônio Domingues Maia, considerado um dos primeiros párocos a exercer suas funções pastorais na localidade.
Conforme o
registro de óbito datado de 28 de agosto de 1849, o Reverendo Domingues Maia foi sepultado na própria Igreja Matriz de Sant’Ana, símbolo do
núcleo religioso que mais tarde se tornaria o coração da futura cidade de
Itaúna. Seu funeral foi acompanhado por três sacerdotes — Paulino Alves da
Fé, José Joaquim Ferreira Guimarães e José Fernandes Taveira
—, o que demonstra a importância que o vigário possuía entre o clero regional.
O registro do enterro foi lavrado pelo Vigário Encomendado João da Cruz Nogueira Penido, cuja assinatura figura no livro de óbitos entre os anos de
1847 e 1853.
A menção ao local
do sepultamento — “na Matriz” — reforça o costume, comum no século XIX, de
enterrar figuras de destaque no interior das igrejas, especialmente padres,
benfeitores e membros das irmandades. Assim, a memória de Domingues Maia se
entrelaça à própria história do templo e da comunidade que ali se estruturava,
marcando um dos primeiros registros conhecidos de atuação e falecimento de um
sacerdote no território itaunense.
O documento,
preservado digitalmente pelo FamilySearch, constitui uma das provas mais
antigas da organização eclesiástica local, revelando o enraizamento da fé
católica nas origens da cidade. Hoje, ao revisitar esse registro histórico,
reconhecemos no nome do vigário e na data de seu falecimento um marco da
trajetória religiosa de Itaúna — herança espiritual que se perpetua no Morro do Rosário, espaço sagrado e de memória coletiva da comunidade.
https://orcid.org/0009-0002-8056-8407