sábado, março 20, 2021

FERREIROS EM SANTANA

No século XIX a metalurgia já era explorada na cidade de Itaúna pelo processo primitivo direto de transformação de minério. A família Leite, dos irmãos Joaquim e José, já reduzia o minério pelo processo direto e a poder de foles manuais, nas suas ferrarias localizadas nas antigas Ruas da Alegria (Rua Melo Viana) e Das Viúvas (Rua Agripino Lima). Ferravam as rodas de carros de bois e supriam as necessidades da região. Djalma Nogueira e Washington Alves Cunha, o Quitão, também já fabricavam ferraduras, através das indústrias de conformação de ferro gusa, o qual era importado das usinas da região de Itabirito (SOUZA, 2001).

Por ordem do presidente da província de minas gerais, em 1831 foi determinado que se fizesse o recenseamento em todas as vilas e freguesias. Em Itaúna foi realizado o censo entre a população que possibilitou também ter várias informações sobre as profissões existentes no arraial. O resultado sobre os ferreiros e paneleiros foram: 

Ferreiros e Paneleiros

Quadro oficial 19 de dezembro de 1831 de Itaúna

 

NOME

IDADE

QUALIDADE

ESTADO

OCUPAÇÃO

Joaquim Lopes

57

Pardo

Casado

Ferreiro

José J. Florindo

29

Pardo

Casado

Ferreiro

Simão Bernardo

25

Pardo

Solteiro

Ferreiro

Antônio P. Coelho

76

Pardo

Solteiro

Ferreiro

Francisco A. Freitas

26

Branco

Casado

Ferreiro

Alexandre

19

Branco

Solteiro

Ferreiro

José Gregório

30

Crioulo

Solteiro

Ferreiro

Caetano Ferreira

70

Pardo

Casado

Ferreiro

Ângelo Barboza

66

Pardo

Casado

Ferreiro

Fidelis Barboza

26

Pardo

Solteiro

Ferreiro

Albino Mendes

22

Crioulo

Solteiro

Ferreiro

Antônio P. Dutra

32

Pardo

Solteiro

Ferreiro

José G. Menezes

22

Branco

Solteiro

Ferreiro

Simão

12

Pardo

Solteiro

Ferreiro

Manoel Luis

34

Branco

Casado

Ferreiro

Francisco

20

Africano

Solteiro

Ferreiro

Francisco Peixoto

42

Pardo

Solteiro

Ferreiro

Bernardo

25

Branco

Solteiro

Ferreiro

Manoel Felis

50

Pardo

Casado

Paneleiro

Manoel Francisco

24

Pardo

Casado

Paneleiro


Na década de 1910 em Itaúna o proprietário Djalma Nogueira, anunciava no jornal a venda de suas fábricas que estavam situadas no Largo da Matriz:

QUATRO FÁBRICAS OPTMAMENTE INSTALLADAS

POR 40:000$000 (Quarenta contos de réis)

 FÁBRICA DE CALÇADO:

1 machina Black, para coser solas dentro e fora; 1 dita “Keats”, para pontear solas; 1 balancé com 200 facas para corte de solas, meias-solas, contra-fortes, saltos e meios saltos; 1 grande cylindro para comprimir solas; 1 dito com faca para rebaixar solas; 1 machina para abrir fendidos; 1 dita para comprimir saltos; 1 dita para chanfrar contra-fortes; 1 dita grande para lixar, arranhar e polir; 1 dita para furar biqueiras; 1 dita para espanar pellicas; 1 dita para furar e apertar ilhozes; 1 dita para collocar alhetas,1 dita para carimbar solas; 1 dita para posponto de botas e mais pequenas machinas auxiliares.

 FÁBRICA DE CAIXAS DE PAPELÃO:

1 grande machina para cortar papelão; 1 dita para fender; 1 dita para cortar cantos; 1 dita grande para coser caixas, e instalações, balcões para colla etc.

 FÁBRICA DE PONTAS DE PARIZ:

2 machinas para a fabricação dos pregos; 1 grande tambor para polimento; 1 ventilador.

 FÁBRICA DE FERRADURAS E SERRALHERIA:

1 grande machina para furar em puncção; 1 dita para arquear ferraduras; 1 machina para furar com broca; 1 tarracha para parafusos; 5 safros pesados; diversas ferramentas auxiliares; 1 motor e cadeira fixa separada, com força de 10 cavallos; 1 casa construída toda de tijolos, construcção moderna, com paredes externas de 0m,40 de espessura, alicerces com fundações de dous metros, assoalhada e forrada, com 200 metros quadrados, dividida em dous grandes armazéns, duas grandes salas, um dormitório espaçoso, corredor e mais seis quartos; 1 dita com dous pavimentos de 30 metros quadrados cada um; 1 dita tendo 96 metros quadrados; 1 saguão onde funciona o motor a vapor; Depósitos de lenha, latrinas, banheiro, etc; 1 pomar com 5.000 metros quadrados.

Tudo por 40:000$000 (Quarenta contos de réis)

 Estão situadas estas indústrias no largo da Matriz, da Villa de Itaúna, a 90 kilômetros da Capital mineira. Esta villa é servida pela E. de F. Oeste de Minas, bitola de metro, e possue, funcionando há mais de 20 annos, uma fábrica de fiação e tecidos, com o capital de réis 600:000$000 (seiscentos contos de réis); está em montagem uma fábrica de fiação e tecidos de lã, e funcionando: 3 machinas de beneficiar arroz; 1 fábrica de manteiga; 1 curtume de pelles; 2 machinas de beneficiar café; diversas fábricas de queijo, etc.

Para algumas informações, nesta Capital, o sr. A. Ribeiro de Oliveira, rua Visconde de Inhaúma nºs 113 e 115.

Para informações mais minuciosas, com o seu proprietário, Djalma Nogueira, Villa de Itaúna, Minas.  


REFERÊNCIAS:

Pesquisa e Organização: Charles Aquino

Fonte Impressa: Jornal do Comércio, Rio de Janeiro – 16/10/1910. Edição 2888, página 12. Biblioteca Digital Brasileira.

Fonte: Almanak Administrativo. Década 20. Biblioteca Digital

Fonte Bibliográfica: SOUZA, Miguel Augusto Gonçalves de. Capítulos da história itaunense, Itaúna/MG Ed. 2001, p. 284.

Fonte/ Censo:  CEDEPLAR - Poplin-Minas 1830 /1831: Listas nominativas.Disponível em: http://www.nphed.cedeplar.ufmg.br/poplin-minas-1830/

Acervo Fotográfico: Professor Marco Elísio Chaves Coutinho, Charles Aquino, ICMC -  Instituto Cultural Maria de Castro Nogueira, Professor Ângelo Matos.