No século XIX a metalurgia já era explorada na cidade de Itaúna pelo processo primitivo direto de transformação de minério. A família Leite, dos irmãos Joaquim e José, já reduzia o minério pelo processo direto e a poder de foles manuais, nas suas ferrarias localizadas nas antigas Ruas da Alegria (Rua Melo Viana) e Das Viúvas (Rua Agripino Lima). Ferravam as rodas de carros de bois e supriam as necessidades da região. Djalma Nogueira e Washington Alves Cunha, o Quitão, também já fabricavam ferraduras, através das indústrias de conformação de ferro gusa, o qual era importado das usinas da região de Itabirito (SOUZA, 2001).
Por
ordem do presidente da província de minas gerais, em 1831 foi determinado que
se fizesse o recenseamento em todas as vilas e freguesias. Em Itaúna foi
realizado o censo entre a população que possibilitou também ter várias
informações sobre as profissões existentes no arraial. O resultado sobre
os ferreiros e paneleiros foram:
Ferreiros e Paneleiros
Quadro oficial 19 de dezembro de 1831 de Itaúna
NOME |
IDADE |
QUALIDADE |
ESTADO |
OCUPAÇÃO |
Joaquim
Lopes |
57 |
Pardo |
Casado |
Ferreiro |
José
J. Florindo |
29 |
Pardo |
Casado |
Ferreiro |
Simão
Bernardo |
25 |
Pardo |
Solteiro |
Ferreiro |
Antônio
P. Coelho |
76 |
Pardo |
Solteiro |
Ferreiro |
Francisco
A. Freitas |
26 |
Branco |
Casado |
Ferreiro |
Alexandre
|
19 |
Branco |
Solteiro |
Ferreiro |
José
Gregório |
30 |
Crioulo |
Solteiro |
Ferreiro |
Caetano
Ferreira |
70 |
Pardo |
Casado |
Ferreiro |
Ângelo
Barboza |
66 |
Pardo |
Casado |
Ferreiro |
Fidelis
Barboza |
26 |
Pardo |
Solteiro |
Ferreiro |
Albino
Mendes |
22 |
Crioulo |
Solteiro |
Ferreiro |
Antônio
P. Dutra |
32 |
Pardo |
Solteiro |
Ferreiro |
José
G. Menezes |
22 |
Branco |
Solteiro |
Ferreiro |
Simão |
12 |
Pardo |
Solteiro |
Ferreiro |
Manoel
Luis |
34 |
Branco |
Casado |
Ferreiro |
Francisco |
20 |
Africano |
Solteiro |
Ferreiro |
Francisco
Peixoto |
42 |
Pardo |
Solteiro |
Ferreiro |
Bernardo |
25 |
Branco |
Solteiro |
Ferreiro |
Manoel
Felis |
50 |
Pardo |
Casado |
Paneleiro |
Manoel
Francisco |
24 |
Pardo |
Casado |
Paneleiro |
Na
década de 1910 em Itaúna o proprietário Djalma Nogueira, anunciava no jornal a
venda de suas fábricas que estavam situadas no Largo da Matriz:
QUATRO FÁBRICAS OPTMAMENTE INSTALLADAS
POR 40:000$000 (Quarenta contos de
réis)
FÁBRICA DE CALÇADO:
1 machina Black, para coser solas
dentro e fora; 1 dita “Keats”, para pontear solas; 1 balancé com 200 facas para
corte de solas, meias-solas, contra-fortes, saltos e meios saltos; 1 grande
cylindro para comprimir solas; 1 dito com faca para rebaixar solas; 1 machina
para abrir fendidos; 1 dita para comprimir saltos; 1 dita para chanfrar
contra-fortes; 1 dita grande para lixar, arranhar e polir; 1 dita para furar
biqueiras; 1 dita para espanar pellicas; 1 dita para furar e apertar ilhozes; 1
dita para collocar alhetas,1 dita para carimbar solas; 1 dita para posponto de
botas e mais pequenas machinas auxiliares.
FÁBRICA DE CAIXAS DE PAPELÃO:
1 grande machina para cortar
papelão; 1 dita para fender; 1 dita para cortar cantos; 1 dita grande para
coser caixas, e instalações, balcões para colla etc.
FÁBRICA DE PONTAS DE PARIZ:
2 machinas para a fabricação dos
pregos; 1 grande tambor para polimento; 1 ventilador.
FÁBRICA DE FERRADURAS E SERRALHERIA:
1 grande machina para furar em
puncção; 1 dita para arquear ferraduras; 1 machina para furar com broca; 1
tarracha para parafusos; 5 safros pesados; diversas ferramentas auxiliares; 1
motor e cadeira fixa separada, com força de 10 cavallos; 1 casa construída toda
de tijolos, construcção moderna, com paredes externas de 0m,40 de espessura,
alicerces com fundações de dous metros, assoalhada e forrada, com 200 metros
quadrados, dividida em dous grandes armazéns, duas grandes salas, um dormitório
espaçoso, corredor e mais seis quartos; 1 dita com dous pavimentos de 30 metros
quadrados cada um; 1 dita tendo 96 metros quadrados; 1 saguão onde funciona o
motor a vapor; Depósitos de lenha, latrinas, banheiro, etc; 1 pomar com 5.000
metros quadrados.
Tudo por 40:000$000 (Quarenta
contos de réis)
Estão situadas estas indústrias no largo da Matriz, da Villa de Itaúna, a 90 kilômetros da Capital mineira. Esta villa é servida pela E. de F. Oeste de Minas, bitola de metro, e possue, funcionando há mais de 20 annos, uma fábrica de fiação e tecidos, com o capital de réis 600:000$000 (seiscentos contos de réis); está em montagem uma fábrica de fiação e tecidos de lã, e funcionando: 3 machinas de beneficiar arroz; 1 fábrica de manteiga; 1 curtume de pelles; 2 machinas de beneficiar café; diversas fábricas de queijo, etc.
Para algumas informações, nesta
Capital, o sr. A. Ribeiro de Oliveira, rua Visconde de Inhaúma nºs 113 e 115.
Para informações mais minuciosas,
com o seu proprietário, Djalma Nogueira, Villa de Itaúna, Minas.
REFERÊNCIAS:
Pesquisa e Organização:
Charles Aquino
Fonte Impressa:
Jornal do Comércio, Rio de Janeiro – 16/10/1910. Edição 2888, página 12.
Biblioteca Digital Brasileira.
Fonte:
Almanak Administrativo. Década 20. Biblioteca Digital
Fonte Bibliográfica:
SOUZA, Miguel Augusto Gonçalves de. Capítulos da história itaunense, Itaúna/MG
Ed. 2001, p. 284.
Fonte/ Censo: CEDEPLAR - Poplin-Minas 1830 /1831: Listas
nominativas.Disponível em: http://www.nphed.cedeplar.ufmg.br/poplin-minas-1830/
Acervo Fotográfico:
Professor Marco Elísio Chaves Coutinho, Charles Aquino, ICMC - Instituto Cultural Maria de Castro Nogueira,
Professor Ângelo Matos.