No bucólico vilarejo de Itaúna, a
imponente Velha Matriz de Sant'Ana, erguida com suas pedras gastas pelo tempo,
vivenciava o crepúsculo de sua história. Era abril de 1934, mês que marcaria não
só o último casamento, mas também o encerramento iminente das portas da igreja
que havia testemunhado séculos de histórias.
Na serena manhã de 12 de março, a
luz do amanhecer iluminava as antigas vidraças enquanto Emídio Herculano
Pereira, um homem de trinta anos, e Alzira Maria de Freitas, uma jovem de vinte
e dois, se reuniam no sagrado interior da Matriz. Sob o olhar benevolente do
vigário Padre Ignácio Campos, os noivos trocaram votos de amor eterno, unidos
pelos laços do matrimônio em uma cerimônia simples, porém repleta de
significado.
Emídio, filho de Joaquim
Herculano Pereira e Diolina Gonçalves Rodrigues, um homem de semblante sério e
olhar determinado, encontrou em Alzira, filha de Francisco Patriocínio e Maria
Marra de Freitas, uma companheira de alma e coração. Ela, com sua juventude
radiante, e ele, com a maturidade de quem enfrentara os desafios da vida no
interior mineiro.
Enquanto as testemunhas Manoel
Gomes Pereira e Isaurino do Vale confirmavam a união, a Velha Matriz
testemunhava seu último casamento. As paredes que ecoaram tantas preces e
bênçãos estavam destinadas a ser silenciadas, seu destino selado para dar lugar
ao progresso que avançava inexoravelmente sobre o passado.
Ao final da cerimônia, o Padre
Ignácio Campos registrou os detalhes do evento, marcando não apenas o casamento
de Emídio e Alzira, mas também a despedida de um capítulo histórico da pequena
cidade. O sino da Matriz, que por séculos anunciara nascimentos, casamentos e
falecimentos, soou pela última vez antes que as portas se fechassem para sempre,
selando o fim de uma era e o início de uma nova história para Itaúna.